eleições 2014

Sensus usa metodologia que pode distorcer resultados de pesquisa eleitoral

Segundo jornal O Estado de S.Paulo, instituto usou em levantamento lista que pode induzir a resposta dos entrevistados. Resultado mostrou queda de Dilma e Aécio em alta

Márcia Ribeiro/Folhapress

Aécio Neves, em evento do agronegócio em Minas Gerais, aparece em alta em pesquisa questionada

São Paulo – Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo (Estadão), indica que pesquisa eleitoral feita pelo instituto Sensus, cujos resultados foram publicados neste sábado (3) pela revista IstoÉ foi feita com metodologia que pode distorcer resultados, que por sua vez beneficiam o o pré-candidato tucano ao Palácio do Planalto, Aécio Neves.

“Em vez de entregar aos entrevistados um disco com os nomes dos candidatos à Presidência dispostos em forma circular, o instituto usou uma lista em ordem alfabética – com Aécio Neves na primeira posição. O disco é usado justamente para evitar que os entrevistados sejam induzidos ao responder, já que, em uma lista, o nome com maior destaque – o primeiro – tende a ser mais citado”, diz a matéria.

Segundo o instituto, a presidenta Dilma Rousseff teria 35%, contra 23,7% de Aécio Neves e 11% de Eduardo Campos; ou seja, intenções de voto de 35% para o governo e 34,7% para a oposição, caracterizando um empate técnico. Na simulação de um segundo turno, Dilma teria 38,6%, contra 31,9% de Aécio Neves; caracterizando mais uma vez o cenário de polarização entre PT e PSDB.

Colunista político também do Estadão, José Roberto de Toledo, adiantou em seu blog que “a pesquisa Sensus a ser divulgada neste sábado vai dar o que falar. Se não pelos seus números, ao menos pelos seus métodos. O instituto, que vinha trabalhando para o PSDB até pouco tempo atrás, foi criativo ao apresentar as perguntas aos eleitores.”

De acordo com o jornal, o próprio Sensus, que tem sede em Belo Horizonte, sempre utilizou discos em seus levantamentos. Ricardo Guedes, diretor do instituto e questionado pelo jornal sobre detalhes da pesquisa afirmou que estava em uma reunião e que não se manifestaria antes da publicação dos resultados.

Ainda segundo o analista Toledo, “outro fato chama a atenção nesta sondagem do Sensus: o registro da pesquisa no TSE ocorreu bem depois de as entrevistas terem terminado. A pesquisa de campo foi feita entre os dias 22 e 24 de abril, mas só foi registrada no dia 28. Ou seja, ao registrá-la é provável que o instituto já soubesse o resultado – o que pode ou não ter influenciado na decisão divulgá-la.”

Os diretores dos institutos Ibope e Datafolha, respectivamente Márcia Cavallari e Mauro Paulino, não quiseram comentar o caso específico do Sensus, mas explicaram por que seus institutos utilizam o formato do disco. “É para evitar o efeito de ordem, para que os entrevistados não optem sistematicamente pelo primeiro ou pelo último nome da lista”, disse a diretora do Ibope.

“Usamos o cartão circular porque é a forma mais neutra de se apresentar os nomes”, afirmou Paulino. “Assim, não há probabilidade maior de o entrevistado ver o nome de um candidato em primeiro lugar”, acrescentou o diretor do Datafolha.

Aécio gosta

A pesquisa foi comemorada pelo pré-candidato tucano, o senador Aécio Neves. “Essa pesquisa confirma um sentimento que nós percebemos no Brasil inteiro, de cansaço em relação a tudo que estamos assistindo. As pesquisas é um momento (sic), então nós temos de ter muita tranqüilidade para continuar a trabalhar(sic) e apresentar ao Brasil uma nova proposta de seriedade, de eficiência na gestão pública”, disse Aécio, que participava de uma exposição de criadores de gado, em Uberaba, Minas Gerais.