Cemig ‘culpa’ Dilma por aumento de 14% da energia, mas pediu o dobro de reajuste à Aneel
Estatal mineira leva campanha publicitária ao ar em que diz que reajuste de 14% da tarifa veio 'lá de Brasília'; nota da própria Cemig, no entanto, registra solicitação da empresa por reajuste de 29%
Publicado 15/04/2014 - 13h00
São Paulo – A Cemig, empresa estatal mineira de geração e distribuição de energia elétrica, vem levando ao ar desde a semana passada campanha publicitária em que responsabiliza a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pelo reajuste de 14% nas contas de energia elétrica no Estado, mas omitiu a informação de que a própria Cemig solicitou à agência, em 28 de março, que o aumento médio das contas de energia em Minas Gerais fosse de 29%. O pedido de aumento da Cemig foi feito quando o governador ainda era Antonio Anastasia (PSDB), que deixou o cargo em 4 de abril para concorrer ao Senado na chapa do presidenciável Aécio Neves (PSDB). O governador, hoje, é Alberto Pinto Coelho (PP).
No vídeo que foi ao ar nas principais emissoras de TV, o ator Jonas Bloch afirma que “todo mundo sabe que o sistema nacional de energia está enfrentando dificuldades em todo o país”, e que, por isso, “é importante você entender como ele [o sistema] funciona”. “Você sabia que a tarifa da Cemig não é decidida pela Cemig? Pois é exatamente isso. Quem define a tarifa de todas as empresas de energia do Brasil é um órgão do governo federal, a Aneel, que fica lá em Brasília. E o governo federal, por meio da Aneel, acaba de determinar um reajuste na nossa conta elétrica da ordem de 14%, provocado principalmente pela entrada em funcionamento das termelétricas”.
O discurso de que o aumento da conta de energia “vem lá de Brasília” é recorrente nas campanhas da empresa desde 2013, sempre com o ator Jonas Bloch como garoto-propaganda. Uma nota oficial publicada no próprio site da Cemig, no entanto, revela que a empresa havia solicitado ao governo federal um reajuste de 29%, em média – os 14%, portanto, significam que o governo federal não aceitou o reajuste solicitado pelo governo de Minas e reduziu pela metade o aumento da tarifa. A justificativa do pedido de aumento também não é o preço da energia gerada pelas termelétricas, mas uma tabela geral de custos montada pela própria Cemig.
“A Cemig informa que, todos os anos, apresenta uma planilha de custos para aAneel, assim como todas as outras concessionárias, para que o órgão defina a tarifa da empresa”, afirma a nota de esclarecimento, que conclui: “A Cemig solicita para a análise da Aneel, um reajuste médio das tarifas de 29,74%. A definição do reajuste, no entanto, depende da decisão da Aneel, que deverá definir a nova tarifa a ser cobrada a partir de 8 de abril”.
O PT de Minas acusa o governo estadual de politizar a gestão de energia elétrica com o objetivo de atingir a presidenta Dilma Rousseff, que concorre neste ano à reeleição, e tenta retirar a campanha do ar.