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Cemig ‘culpa’ Dilma por aumento de 14% da energia, mas pediu o dobro de reajuste à Aneel

Estatal mineira leva campanha publicitária ao ar em que diz que reajuste de 14% da tarifa veio 'lá de Brasília'; nota da própria Cemig, no entanto, registra solicitação da empresa por reajuste de 29%

Reprodução da campanha publicitária da Cemig que está em veiculação desde quinta-feira passada (10)

São Paulo – A Cemig, empresa estatal mineira de geração e distribuição de energia elétrica, vem levando ao ar desde a semana passada campanha publicitária em que responsabiliza a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pelo reajuste de 14% nas contas de energia elétrica no Estado, mas omitiu a informação de que a própria Cemig solicitou à agência, em 28 de março, que o aumento médio das contas de energia em Minas Gerais fosse de 29%. O pedido de aumento da Cemig foi feito quando o governador ainda era Antonio Anastasia (PSDB), que deixou o cargo em 4 de abril para concorrer ao Senado na chapa do presidenciável Aécio Neves (PSDB). O governador, hoje, é Alberto Pinto Coelho (PP).

No vídeo que foi ao ar nas principais emissoras de TV, o ator Jonas Bloch afirma que “todo mundo sabe que o sistema nacional de energia está enfrentando dificuldades em todo o país”, e que, por isso, “é importante você entender como ele [o sistema] funciona”. “Você sabia que a tarifa da Cemig não é decidida pela Cemig? Pois é exatamente isso. Quem define a tarifa de todas as empresas de energia do Brasil é um órgão do governo federal, a Aneel, que fica lá em Brasília. E o governo federal, por meio da Aneel, acaba de determinar um reajuste na nossa conta elétrica da ordem de 14%, provocado principalmente pela entrada em funcionamento das termelétricas”.

O discurso de que o aumento da conta de energia “vem lá de Brasília” é recorrente nas campanhas da empresa desde 2013, sempre com o ator Jonas Bloch como garoto-propaganda. Uma nota oficial publicada no próprio site da Cemig, no entanto, revela que a empresa havia solicitado ao governo federal um reajuste de 29%, em média – os 14%, portanto, significam que o governo federal não aceitou o reajuste solicitado pelo governo de Minas e reduziu pela metade o aumento da tarifa. A justificativa do pedido de aumento também não é o preço da energia gerada pelas termelétricas, mas uma tabela geral de custos montada pela própria Cemig.

A Cemig informa que, todos os anos, apresenta uma planilha de custos para aAneel, assim como todas as outras concessionárias, para que o órgão defina a tarifa da empresa”, afirma a nota de esclarecimento, que conclui: “A Cemig solicita para a análise da Aneel, um reajuste médio das tarifas de 29,74%. A definição do reajuste, no entanto, depende da decisão da Aneel, que deverá definir a nova tarifa a ser cobrada a partir de 8 de abril”.

O PT de Minas acusa o governo estadual de politizar a gestão de energia elétrica com o objetivo de atingir a presidenta Dilma Rousseff, que concorre neste ano à reeleição, e tenta retirar a campanha do ar.

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