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Possível vice de Padilha já articula diálogo com agronegócio

Maurílio Biagi afirma que setor está em disputa pelos partidos e precisa de mais políticas públicas para que a produção de etanol não estanque

paulo pinto/divulgação

Padilha, Lula e Biagi: articulação com o empresariado, que quer mais políticas públicas para o etanol

São Paulo – O empresário Maurílio Biagi (PR), cotado para a vaga de candidato a vice-governador na chapa do PT, participou discretamente do lançamento da Caravana  Horizonte Paulista em Ribeirão Preto, neste sábado (8): subiu ao palco, cumprimentou Alexandre Padilha e saiu. Teve tempo de ver o protesto de parte da militância do PT contra a negociação de apoio de usineiros, mas minimizou o acontecimento. “O PT não começou a dialogar com o empresariado hoje, isso vem desde 2003, e é bom. É inteligente. Sou contra todos os radicalismos”, afirmou à RBA. Ele será um dos articuladores dos jantares com empresários que antecederão os atos políticos da Caravana pelo interior, e diz que tem reunido principalmente os mais críticos ao PT.

“É importante estabelecer o diálogo. A experiência que tivemos aqui ontem (7) foi muito boa. O PT apresentou suas propostas e diversos empresários se manifestaram por mais políticas públicas dos governos federal e estadual para o setor do agronegócio e para a produção do etanol. A situação é grave. No ano passado, 15 usinas fecharam em São Paulo e, caso não haja atenção ao setor, ele acaba em alguns anos”, ponderou.

De acordo com ele, o empresariado demonstrou-se satisfeito quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou o exemplo do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e sua atuação junto à sociedade e ao Congresso para defender o estado na briga pelos royalties do petróleo, e indicou que um governador petista teria a mesma postura em defesa dos negócios em São Paulo.

“O Brasil teve um superávit na balança comercial de pouco mais de R$ 2 bilhões, mas o superávit do agronegócio foi de R$ 80 bilhões. Isso dá uma medida da importância desse setor para o estado e o país”, avalia. Biagi aponta que, por conta disso, o setor está em disputa pelos partidos políticos. “Muitos empresários do setor se filiaram. Os partidos têm nos procurado. O próprio Alckmin indicou que poderia trazer o Duarte Nogueira, que é do setor, para sua campanha”, afirma.

Apesar da disputa pelo empresariado, durante o evento com a militância, Padilha e Lula elevaram o tom e indicaram que a campanha do PT ao governo do estado deve resgatar o discurso mais agressivo que o partido adotava antes da vitória de Lula à presidência, em 2002, mas, segundo Biagi, isso não afasta os empresários. “Não há problema nisso. O discurso não vai ser ‘vermelho’, nem ‘azul’. O discurso da campanha vai ser anti-Alckmin, custe o que custar”, resume. “É natural que o PSDB, após 20 anos no governo, esteja desgastado. O PT, à frente do governo federal, também está. Defendo a alternância de poder”, afirmou.

Questionado sobre a chapa para as eleições deste ano e sua confirmação como vice de Padilha, Biagi desconversa. “Ah, ontem eu tirei uma porção de fotos. Eu sou mais antigo, então chapa para mim é fotografia ou raio-x”, brincou. “Posso dizer que terei uma participação para ajudar a construir pontes, intermediar o diálogo.”