PT

Lula não descarta candidatura em 2018, mas diz preferir que ‘não precise participar’

Em entrevista a jornal, ex-presidente afirma que Padilha tem um conjunto de qualidades que o habilitam a governar São Paulo e defende setor de álcool e açúcar, de onde deve sair vice de petista

Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Lula com Padilha em evento em 2013: para ex-presidente, ex-ministro é a melhor escolha do PT

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não afasta completamente a possibilidade de voltar a disputar eleições em 2018. Em entrevista ao jornal A Cidade, de Ribeirão Preto, no interior paulista, ele ponderou que é preciso aguardar para saber como estará a conjuntura política no ano em que, se os planos do PT derem certo, encerra-se o segundo mandato de Dilma Rousseff.

“Na política nunca podemos dizer que nunca. Não é a minha vontade, acredito que já dei minha contribuição para este país. Em 2018 não sei como estarão as circunstâncias políticas e que novos nomes irão surgir até lá. Eu espero que tenha muita gente competente para disputar as próximas eleições e que eu não precise participar”, afirmou.

A conversa foi publicada na véspera da abertura de uma série de eventos que Lula realizará no interior paulista ao lado do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. O primeiro ato das chamadas “caravanas” será amanhã (8) em Ribeirão Preto, uma das cidades de maior movimentação financeira do interior do estado e de onde pode sair o vice na chapa ao Palácio dos Bandeirantes.

A cidade é sede das empresas de Maurílio Biagi, empresário do setor sucroalcooleiro que no ano passado se filiou ao PR a pedido de Lula, que o gostaria como parceiro de Padilha numa tentativa de atrair o empresariado e o agronegócio para a candidatura petista, dividindo assim um setor que tradicionalmente apoia o PSDB de Geraldo Alckmin.

Questionado sobre a crise na produção de açúcar e álcool, Lula afirmou que se trata de uma questão momentânea. “O setor contribui de forma decisiva com a geração de energia limpa, garante que a gente tenha uma frota de carros flex-fuel, e vai crescer na medida em que os países implantarem o protocolo de Kioto, adotando medidas para reduzir a poluição.”

A pergunta que abre a entrevista diz respeito à capacidade de Padilha de quebrar a hegemonia de quase duas décadas de PSDB em São Paulo. Lula vem de uma vitória eleitoral com Dilma Rousseff no Palácio do Planalto e de outra com Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, na prefeitura de São Paulo. Com isso, o êxito no estado mais rico da federação se transformou no principal objetivo petista para 2014, além da reeleição da presidenta.

“O Padilha não está sendo lançado candidato a governador apenas por causa do programa Mais Médicos, o Padilha está sendo lançado candidato a governador porque nós achamos que ele é um quadro altamente qualificado para governar o estado mais importante da federação. Ele é um político inteligente, um administrador competente e fez um bom trabalho no Ministério da Saúde”, disse Lula, recordando em seguida que a gestão no setor ficou prejudicada pelo fim da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF), extinta em 2007 pelo Senado em uma articulação encabeçada pelo PSDB.

“Ele tem todas as possibilidades de ser o futuro governador do estado de São Paulo. Ele tem um conjunto de qualidades que permitiu que o PT o indicasse para ser candidato e esse conjunto de qualidades, o povo paulista vai ver durante toda campanha e permitir que o povo veja se vai ter confiança nele para dirigir o destino de São Paulo.”

Na conversa, Lula comentou ainda sobre o desempenho de Haddad. No ano passado, a queda na avaliação do prefeito de São Paulo provocou incômodo, nos bastidores, em petistas, que temem que o desgaste na capital acabe respingando na candidatura de Padilha. O ex-ministro da Saúde poderia sofrer com a imagem de que candidatos avalizados pelo ex-presidente nem sempre fazem boas administrações.

Para Lula, porém, este risco está afastado. “Eu estou tranquilo para afirmar ao povo de São Paulo que o companheiro Haddad será um grande prefeito. Não adianta julgá-lo apenas por um ano de crise, nós temos que julgá-lo pelos quatro anos de mandato. E o Haddad vai fazer muita coisa, como a Dilma tem feito pelo Brasil.”

Leia também

Últimas notícias