Graça Foster promete “gestão de continuidade” na Petrobras

Dilma Rousseff enfatiza caráter histórico da transmissão de cargo para uma mulher e dimensão afetiva da estatal de petróleo para os brasileiros

Dilma Rousseff lembrou que a Petrobras, empresa estratégica, sobreviveu aos “ventos privatistas” (Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)

Rio de Janeiro – Na presença da presidenta Dilma Rousseff e de vários ministros e governadores, a nova presidenta da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou ao tomar posse nesta segunda-feira (13) que sua gestão será marcada pela continuidade e pelo aprofundamento das diretrizes e metas que têm norteado a atuação da empresa nos últimos noves anos. “Minha gestão será de continuidade. Temos um Plano de Negócios (2011-2015) em vigor cujas metas são claras e precisas. Sabemos para onde vamos, como vamos e quando vamos chegar”, disse.

Graça Foster, como é mais conhecida, ressaltou o bom momento vivido pela Petrobras. “Temos uma empresa capitalizada, com excelente quadro técnico e com excepcionais descobertas de petróleo e gás que garantem o crescimento futuro da companhia. Nossa gestão continuará pautada pelo diálogo de prosperidade junto ao acionista controlador e pela defesa dos interesses dos acionistas minoritários.” Até 2015, a Petrobras vai investir US$ 220 bilhões em exploração e produção de óleo e gás, petroquímica, refino, transporte e comercialização. Graça também assumiu o compromisso de “manter sempre o foco na disciplina de capital e no cumprimento de metas e prazos, sem descuidar um só instante dos aspectos de segurança operacional e ambiental”.

A cerimônia de transmissão do cargo de presidente da Petrobras ocorreu na sede da empresa no Rio de Janeiro e atraiu diversas autoridades. Estiveram presentes os ministros Guido Mantega (Fazenda, presidente do Conselho de Administração da Petrobras), Edison Lobão (Minas e Energia), Miriam Belchior (Planejamento), Ana de Hollanda (Cultura), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e Garibaldi Alves (Previdência Social). Também foram prestigiar a posse de Graça Foster os governadores Sérgio Cabral (RJ), Jacques Wagner (BA), Antonio Anastasia (MG), Eduardo Campos (PE), Cid Gomes (CE), Rosalba Ciarlini (RN), Marcelo Déda (SE) e Renato Casagrande (ES).

A presidenta Dilma, a quem a nova presidenta da Petrobras prometeu “fidelidade incondicional”, afirmou “ter a certeza de que a Graça é a pessoa indicada para liderar a Petrobras rumo a um futuro ainda mais promissor”. Dilma ressaltou que a brasileira é “a primeira mulher na presidência de uma empresa desse porte, no setor de petróleo e gás, em todo o mundo” e comparou o feito a sua própria chegada à Presidência da República no ano passado.

“A Petrobras estará em boas mãos. Eu conheço bem a seriedade com que a Graça se dedica não só a essa empresa, mas a tudo o que faz em sua vida profissional. Ela saberá dar continuidade às conquistas alcançadas na gestão anterior, que esteve à frente da companhia em um dos períodos mais profícuos de sua existência”, disse a presidenta.

Dilma fez menção ao passado de aspirações de privatização da empresa e lembrou a ligação afetiva dos brasileiros com a corporação. “A Petrobras é poderosa em escala mundial e é estratégica dentro do Brasil. Felizmente, sobreviveu a todos os ventos privatistas e persistiu como empresa brasileira, sob controle do povo brasileiro, e hoje exerce papel fundamental em nosso modelo de desenvolvimento. Todos nós temos certeza de que a Petrobras é uma parte do esforço deste país, talvez uma das partes mais relevantes, de se constituir uma grande nação.”

Balanço

As muitas homenagens ao ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e ao ex-diretor de Exploração e Produção, Guilherme Estrella, que irão deixar a empresa, foram outra marca da cerimônia. Em seu discurso de despedida, Gabrielli citou o que considera as principais realizações de sua gestão. “A conquista da autossuficiência em petróleo, o retorno à atividade petroquímica, a consolidação do setor de gás e energia, a criação da Petrobras Biocombustível, a aprovação do marco regulatório do pré-sal, os investimentos em tecnologia e sistemas de pesquisa e desenvolvimento, a ampliação dos patrocínios públicos, sociais e ambientais, a realização da maior capitalização da história da empresa e a conquista do grau de investimento (investment-grade) no mercado internacional.”

Gabrielli confirmou que vai ocupar um cargo no governo da Bahia, a convite do governador Jaques Wagner: “Saio com a sensação de dever cumprido e com vontade de levar para minha terra os aprendizados que tive aqui na Petrobras”. Momentos antes, o ex-presidente da empresa agradeceu a Dilma, ao seu antecessor no cargo, José Eduardo Dutra, e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “que acreditou em um economista baiano para ser diretor da Petrobras”.

Mudanças

Para o lugar de Graça Foster na diretoria de Gás e Energia da Petrobras irá o atual gerente-executivo de Operações e Participações em Energia, José Alcides Santoro Martins, engenheiro civil que trabalha há 32 anos na empresa, onde já exerceu diversas funções gerenciais. Para o lugar de Guilherme Estrella na diretoria de Exploração e Produção foi indicado o atual gerente do setor para o pré-sal, José Formigli Filho, também engenheiro civil e com experiência de 29 anos na Petrobras.

Graça Foster, por sua vez, trabalha há 31 anos na Petrobras. Antes de ocupar a diretoria de Gás e Energia, onde ficou quatro anos, ela foi presidente da Petroquisa e da BR Distribuidora, sempre com atuações elogiadas por sua capacidade de gestão e conhecimento técnico das atividades do setor. Graduada em Engenharia Química, com pós-graduação em Engenharia Nuclear, Graça também atuou no governo Lula, entre 2003 e 2005, no posto de secretária de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério das Minas e Energia, à época sob o comando de Dilma Rousseff.

Após receber o crachá de presidente das mãos de Gabrielli, repetindo uma tradição da Petrobras, Graça aumentou o nível de emoção da cerimônia ao reafirmar sua identificação com a empresa. “Sou a Graça, filha da dona Therezinha. Meu crachá da Petrobras é meu documento de identidade há 30 anos. Eu e a Petrobras temos praticamente a mesma idade”, disse, antes de convocar toda a empresa a continuar trabalhando. “Esse cargo de presidente que passo a ocupar expressa o trabalho de todos vocês que estiveram ao meu lado.”