Partidos tem desafios diferentes para aproveitar vitrine do horário eleitoral

São Paulo – O horário eleitoral gratuito na televisão é a vitrine oficial de propaganda dos candidatos à Presidência da República, mas também esconde desafios. Para cada um dos três […]

São Paulo – O horário eleitoral gratuito na televisão é a vitrine oficial de propaganda dos candidatos à Presidência da República, mas também esconde desafios. Para cada um dos três postulantes ao cargo máximo do Executivo, há questões colocadas. Dilma Rousseff (PT) deve colar sua imagem em Luiz Inácio Lula da Silva. José Serra (PSDB) tentará se mostrar melhor que a rival, mas sem parecer oposição. Marina Silva (PV) terá pouco mais de um minuto.

Pouco carismáticos se comparados à desenvoltura de Lula, os principais candidatos contam com diferentes armas para o embate que se iniciará a partir desta terça-feira (17), em uma disputa até agora bastante acirrada entre Dilma e Serra, com pequena vantagem para a primeira em pesquisas eleitorais.

A ex-ministra da Casa Civil leva a vantagem de ser a candidata de Lula, o presidente mais popular da história recente do país, com um governo com avaliação ótima ou boa para 77% dos brasileiros e aprovação pessoal acima de 80%, segundo pesquisas de institutos como Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi. O contexto econômico próspero é um dos principais motivos para explicar a disposição à continuidade por parte da população.

“O aumento de renda tende a premiar o governo”, afirma o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, à agência Reuters. “Mas ela tem um desafio mais forte (do que Serra), que é consolidar seu nome junto ao eleitorado”, acrescenta.

Os detalhes da produção da campanha na TV e no rádio não são divulgados. O jornalista e marqueteiro João Santana, responsável pelo programa, preserva a informação, mas analistas apostam em destaque para a biografia de Dilma – com vistas a torná-la mais conhecida – e em sua experiência de governo ao lado de Lula. Além disso, o próprio presidente deve protagonizar as ações.

“O programa vai mesclar a história pessoal dela, a relação dela com o presidente Lula e a história do governo”, disse à Reuters o deputado federal André Vargas (PR), secretário de Comunicação do PT. A questão econômica será central, afirmou o deputado, e o programa vai mostrar os programas de governo como o Minha Casa, Minha Vida, o Bolsa Família e a “ascensão social de milhões de brasileiros”.

Oposição

Serra tem o acúmulo de cargos públicos e de disputas eleitorais a seu favor em termos de conhecimento por parte do eleitorado. As diretrizes do programa de TV, tocado pelo jornalista Luiz Gonzalez, devem valorizar esses pontos. Ao mesmo tempo, ele terá o desafio de conquistar a ampla parcela da população que se tornou admiradora do presidente Lula nos últimos oito anos.

Por isso, Serra evitará qualquer menção a mudanças nas políticas sociais, embora tente alcançar os apoiadores de Lula de ideário conservador. As críticas críticas à política externa do governo petista nas últimas semanas teriam essa finalidade, segundo analistas.

A mão leve nas críticas também deve ser outra marca do programa. Desde o primeiro debate do segundo turno em 2006, quando o então candidato Geraldo Alckmin manifestou grande agressividade contra o também candidato Lula, a oposição considera que ataques pesados não agradam aos eleitores. “A população detesta cacetada, confronto”, explica à Reuters a professora Mariângela Haswani, especialista em comunicação governamental e política na Escola de Comunicações e Arte da Universidade de São Paulo (ECA-USP).

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), deu pistas de que o partido não pretende tomar esse rumo. “Nós vamos, o tempo todo, respeitar o adversário e a democracia”, afirma. Interlocutores da campanha apostam que a força do programa está em amplificar o conhecimento da população sobre os candidatos e que portanto o ganho para Serra na comparação das biografias ficaria evidente.

“Há uma crescente convicção da população de que ela (Dilma) tem dificuldade no domínio das questões nacionais”, afirmou uma fonte próxima à campanha.

Verdes

A candidata do PV à Presidência espera que o premiado cineasta Fernando Meirelles (de “Cidade de Deus”) garanta o máximo de criatividade no pouco mais de um minuto que seu programa de TV terá. Ela, que conta com um “grupo de notáveis” de área ambiental, acadêmica, empresarial e artística para ajudá-la, deve ir alternando vários formatos cênicos para chamar a atenção dos espectadores para sua mensagem focada na ética política e na sustentabilidade.

O coordenador da campanha, João Paulo Capobianco, indica que o objetivo é surpreender o eleitor. “Temos que otimizar nosso tempo, passar informação, estimular”, afirmou.

Segundo Celso Yamashita, diretor-geral dos programas de TV de Marina, a equipe que a acompanha a todos os eventos já começou a filmar cenas que serão usadas nos programas, principalmente em viagens pelo Brasil, como em visitas recentes a Goiás e Piauí. Serão poucos minutos no total para “passar o recado”, resumiu Yamashita.

Com informações da Reuters

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