Depois de ameaçar MST, Kátia Abreu colhe assinaturas para CPI

Senadora promete usar 'legítima defesa da posse' contra ativistas do movimento

Senadora Kátia Abreu no plenário (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

Depois de ameaçar usar a força na “legítima defesa da posse” contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a senadora Kátia Abreu (DEM) promete colher assinaturas para uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

A presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) quer se basear em reportagem da revista Veja da semana passada, que aponta supostas irregularidades no repasse de recursos de organizações não governamentais (ONGs) ao movimento.

De acordo com a senadora, té esta quinta-feira (10) foram recolhidas 29 assinaturas de senadores e 180 de deputados, o número mínimo é de 171 deputados e 27 senadores.

Na quarta-feira (9), Kátia Abreu havia feito declarações inflamadas contra o MST, na cerimônia de inauguração da feira de agronegócio Expointer 2009, em Esteio (RS). “Quero dizer a esses senhores do MST que nós produtores somos pessoas humildes, mas não somos fracos. Estamos esperando a proteção do Estado brasileiro, mas não nos furtaremos de praticar o artigo 1.210, parágrafo primeiro, do Código Civil Brasileiro, que permite a legítima defesa da posse”, ameaçou.

O jurista Hélio Bicudo, entrevistado pela Radioagência NP, discorda da posição da senadora. Para ele, o MST possui uma luta legítima pela realização da reforma agrária. “Os direitos sociais estão acima dos direitos individuais”, sustentou Bicudo.

“O MST é o único movimento verdadeiramente popular no Brasil e que não luta pela posse da terra, mas pela terra enquanto complemento da vida do homem. Já faz algum tempo que o MST vem criando autonomia e não contando mais com o governo para a realização desta grande reforma.”

A Radioagência NP lembra que Kátia Abreu foi uma das vencedoras do Prêmio Parlamentares Inimigos da Amazônia 2009. A atuação da senadora como relatora da MP 458 que ampliou a regularização fundiária na região, foi o principal fator para a “conquista”.

Lideranças do MST consultadas pela Agência Brasil afirmaram que a direção do movimento deve se reunir para definir como tratará o assunto.

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