Multipolaridade

‘O mundo está se cansando da intromissão de Washington’, diz professor de Direito nos EUA

Para especialista da Escola de Direito da Universidade de Pittsburgh, elites dos EUA começam a admitir que o mundo está se rebelando contra o país

Reprodução/ Twitter Joe Biden
Reprodução/ Twitter Joe Biden
Chefes de governo dos aliados ocidentais: EUA, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão na Cúpula do G7

São Paulo – Em artigo publicado no site russo RT nesta sexta-feira (26), o advogado e especialista em Direitos Humanos Daniel Kovalik, professor na Escola de Direito da Universidade de Pittsburgh (EUA), defende que “as elites norte-americanas estão começando a admitir que o mundo está se rebelando contra os Estados Unidos, e Washington não tem ninguém para culpar além de si mesmo”.

No artigo, Kovalik cita a ex-funcionária da Casa Branca Fiona Hill, que em discurso recente em Tallinn (capital da Estônia) “mostrou que já há em Washington quem tenha autoconsciência suficiente para ver o que está acontecendo no mundo”.

No discurso citado, a especialista em relações exteriores, que trabalhou no Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, reconheceu que o conflito na Ucrânia provocou uma “rebelião global”, liderada pela Rússia, contra a hegemonia americana. “Isso é bem verdade, como muitos de nós pudemos ver desde o início da ofensiva militar de Moscou, no ano passado”, diz Kovalik.

No artigo, o professor argumenta que, em passado recente, incapazes de se contrapor ao poder militar superior dos Estados Unidos, a Rússia e o resto do mundo, de certa forma, se resignaram a participar de um mundo unipolar comandado por Washington, após o colapso do Bloco Oriental em 1989 e a queda da União Soviética em 1991.

No período, os métodos estadunidenses se concentraram “em invadir e atacar outros países”: Panamá (1989), Iraque (1990), Sérvia (1999), Afeganistão (2001), Iraque novamente (2003) e Líbia (2011). “Isso sem contar as invasões menores e muitas guerras por procuração e terror travadas pelos EUA durante esse período, como na Síria, a partir de 2011, e na Ucrânia com o golpe que ajudou a instigar em 2014”, na opinião de Kovalik.

Guerras desnecessárias e injustas

Para o acadêmico de Pittsburgh, nenhuma dessas “guerras de escolha  era necessária ou justa”, e foram deflagradas para proteger o que os EUA “viam como seus interesses econômicos e geopolíticos, enquanto disfarçavam suas ações de ‘humanitárias’”. As justificativas americanas eram quase sempre proteger a democracia e a população do país-alvo de um regime supostamente “opressor”.

Agora, os EUA tentam afirmar que o mundo inteiro está com eles contra a Rússia na Ucrânia. Mas isso “simplesmente não é verdade, e as autoridades americanas sabem disso”, opina. “’O mundo’ apoia os EUA apenas se excluirmos a América Latina, a Ásia e a África.” Essas regiões – que concentram a maior parte da população mundial – “não apoiaram e não apoiam os americanos”.

Na recente reunião da cúpula do G7, na semana passada, pode-se ver que essa observação de Kovalik faz sentido. Uma foto emblemática mostra os chefes de governo dos aliados Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão, todos em torno de uma mesa. A legenda da foto, no Twitter do presidente Joe Biden, a legenda: “o G7 está mais unido do que nunca”.

“Até mesmo a Arábia Saudita”

Para Daniel Kovalik, muitos países nessas regiões “estão cansados de ver os EUA intervindo em seus quintais à vontade na forma de guerras agressivas, golpes de estado e apoio de insurgentes armados, e gostam de ver que alguém – a Rússia – está lutando contra.

Ele acrescenta que até mesmo a Arábia Saudita, aliada de longa data e conspiradora contumaz junto aos EUA “em suas maquinações imperiais”, tem acenado para outros tempos, reatando com o Irã e também “demonstrando que o mundo está se cansando da intromissão de Washington”.

Leia a íntegra do artifo em inglês: As elites norte-americanas estão começando a admitir que o mundo está se rebelando contra os EUA.

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