Crise na Ucrânia

Rússia diz que ‘fará o possível’ para libertar observadores

Primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, acusa Rússia de querer fazer renascer império soviético

EFE

Manifestantes pró-Rússia concentram-se em frente a prédio ocupado na região de Donetsk

O governo russo afirmou neste sábado (26/04) que fará “tudo o que for possível” para conseguir que os oito observadores militares europeus detidos por separatistas pró-Rússia sejam libertados. “Dentro de suas possibilidades, a parte russa tomará medidas para resolver a situação”, declarou a chancelaria em comunicado oficial.

Os separatistas, no entanto, disseram não ter a intenção de soltar os observadores, que poderão ser trocados por prisioneiros detidos pelo governo ucraniano. “Serão trocados por nossos prisioneiros, não vejo outra maneira de saírem livres”, disse Denis Pushilin, líder dos insurgentes na região de Donetsk, às agências internacionais.

A possibilidade foi reforçada pelo autoproclamado prefeito de Slaviansk, Vyacheslav Ponomaryov, que afirmou à Reuters que o grupo está preparado para uma possível troca de prisioneiros e garantiu que todos estão bem e em boas condições de saúde.

Sob acusações de ligação com os grupos separatistas ucranianos, a Rússia garantiu que intervirá para garantir a libertação dos militares detidos na última sexta (25) quando participavam de uma missão no leste da Ucrânia.

O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, por sua vez, afirmou hoje (26) em Roma que o presidente russo, Vladimir Putin, “com sua ofensiva no leste e no sul da Ucrânia, sonha em fazer renascer o império soviético”. Yatseniuk também tachou de “ato de terrorismo” a retenção dos observadores militares.

Controvérsia em torno dos observadores

O grupo separatista que controla Slaviansk considera que os militares são espiões da Otan, como informou Ponomaryov, ao justificar que o grupo portava mapas dos postos de controle na área e munições.

“Acreditamos que uma missão da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) não implica a participação de militares que entre em nosso território inspecionando as instalações”, afirmou Pushilin a jornalistas diante do edifício do serviço de segurança tomado pelos separatistas.

Entre os detidos estão oito militares europeus (quatro alemães, um polonês, um dinamarquês, um sueco e um tcheco), junto com outras seis pessoas, cinco oficiais ucranianos e o motorista do ônibus no qual viajavam.

“Nós acreditamos que essas pessoas devem ser liberadas o mais rápido possível”, disse Andrei Kelin, enviado da Rússia à OSCE. “Como um membro da organização, a Rússia tomará todas as medidas que forem possíveis neste caso”, afirmou.

Segundo fontes do governo da Alemanha, que liderava a missão, uma equipe da OSCE irá ao local para tentar conseguir a libertação dos militares.

De acordo com a BBC, um porta-voz da OSCE em Viena afirmou que a organização não tem “contato direto com os oito observadores”. Segundo a entidade, os militares sequestrados são integrantes de uma missão bilateral, parte do Documento de Viena assinado em 2011, que contempla instâncias de observação entre os estados membros.

Escalada de tensão

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia declarou, em seu comunicado, que o governo de Kiev deveria ter “estipulado previamente” sua visita a essa região do país. “Teria sido lógico esperar das autoridades ucranianas que tivessem definido previamente os assuntos relativos à permanência, atividade e segurança dos inspetores em regiões onde não controlam a situação e onde lançaram uma operação militar contra os moradores de seu próprio país”, como informou a Agência Efe.

As declarações de apoio aos militares sequestrados foram dadas após diplomatas da União Europeia afirmarem que se reunirão na segunda-feira (28/04) para discutir ações contra o país euro-asiático.

Integrantes do G7 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália, Alemanha, Canadá e Japão) também declararam neste sábado (26/04) que apresentarão novas sanções após Moscou “não ter encerrado seu apoio às milícias pró-russas no leste da Ucrânia e para garantir eleições pacíficas na ex-república soviética no dia 25 de maio”.