Mortos e feridos por ataques de Israel são 62% mulheres e crianças
São 50 mil grávidas sob ataque de Israel. Falta tudo. “Não sinto o feto se movendo (…) Estou com medo de perder meu filho”
Publicado 23/10/2023 - 18h17
São Paulo – A escalada de violência na Faixa de Gaza já deixa por volta de 5 mil mortos. Este número, contudo, é seguramente maior. Porém, trabalhando com os dados oficiais, a agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) divulgou um estudo sobre a violência na região. A reação brutal de Israel a um atentado do grupo armado Hamas no dia 7 de outubro tem civis como principais alvos. De acordo com os dados da UNWRA, 62% dos mortos e feridos na Palestina são mulheres e crianças.
Os números da investida israelense contra palestinos revelam a natureza do massacre. A entidade alerta para genocídio, limpeza étnica em andamento, patrocinada pelo estado sionista. Israel sequer esconde as intenções de terminar de anexar todo território Palestino — algo que vem fazendo, de diferentes formas, incluindo ataques sistemáticos ao longo dos anos — desde sua fundação, em 1947.
A comunidade internacional, majoritariamente, condena o excesso de violência de Israel em suas operações. O Brasil, que ocupa temporariamente a presidência do Conselho de Segurança da ONU trabalha pela paz na região. O documento brasileiro pelo fim da escalada na região conta com apoio da comunidade internacional praticamente em sua totalidade; à exceção de Israel e Estados Unidos.
Ataques de Israel
Dos mortos, quase 2 mil são crianças, cerca de 1.900, sem contar com aquelas soterradas por uma das cerca de 7 mil bombas que Israel já lançou. Além disso, Israel já destruiu 24 ambulâncias, quase 20 hospitais e seis centros de Saúde da ONU. Ao todo, são 62 ataques documentados contra aparelhos de saúde.
Já em relação às moradias em Gaza, estima-se que 164.756 foram destruídas ou danificadas, ou 42% de todas as casas palestinas. O número de pessoas em deslocamento é de 1.4 milhão, incluindo “566 mil em abrigos da ONU que enfrentam péssimas condições”, informa a entidade.
As condições são difíceis porque, desde o início dos ataques, Israel não deixa entrar ajuda humanitária ou sequer deixa cidadãos de outras nações, como do Brasil, saírem da região. Falta tudo: água, comida, energia e combustível. A situação é especialmente delicada entre as 50 mil mulheres grávidas que moram na região. Estima-se que 160 partos aconteça por dia em Gaza.
“A insegurança alimentar afeta mulheres e crianças, especialmente as grávidas e lactantes, com risco de desnutrição ou malformação, além de anemia, hemorragia, entre outros. Há grande risco de morte para mães e bebês. A população local adotou uma estratégia de uma refeição por dia e um banho por semana”, afirma a UNRWA.
A entidade traz alguns relatos fortes sobre a situação. “Não sinto o feto se movendo desde que cheguei aqui. Tenho medo de sair e não sei onde conseguir ajuda. Estou com medo de perder meu filho”, afirma à entidade uma refugiada que está no acampamento logístico da ONU em Rafah, sul de Gaza. “Nenhum lugar é seguro. Estar aqui nos dá certo sentimento de segurança, mas não significa necessariamente. Os ataques são frequentes e vêm de todos os lados”, afirma outra palestina.