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Irã e AIEA anunciam acordo para inspeção e cooperação nuclear

Foi criado primeiro passo para que agência possa realizar visitas à central de Arak

EFE

Em reunião, a AIEA e o governo iraniano firmaram acordo de cooperação futura em questões nucleares

São Paulo – A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão ligado à ONU, anunciou hoje (11), em Teerã, a assinatura de um acordo com o governo iraniano estipulando as regras para cooperação futura em questões como inspeção a centrais nucleares. Esse entendimento, firmado apenas entre o país persa e a agência, ocorre independente à reunião multilateral em Genebra, da qual participaram os membros do Conselho de Segurança da ONU, além da Alemanha, cuja primeira rodada terminou sem acordo neste final de semana.

O diretor da Organização Nuclear Iraniana, Ali Akbar Salehi, anunciou como primeiro passo desse “mapa do caminho” a possibilidade de inspetores da AIEA visitarem o reator de água pesada da central nuclear de Arak. O anúncio foi feito ao fim de uma reunião entre Salehi com o diretor da agência, o japonês Yukiya Amano, que está em Teerã.

“As medidas práticas serão implementadas nos próximos três meses, a contar de hoje”, disse Amano em entrevista coletiva, veiculada pela TV estatal iraniana. O acordo também abre caminho para inspeções na mina de urânio de Gachin, e para que medidas exigidas pela agência sejam implementadas.

Negociações multilaterais

Em paralelo a essa reunião, os três dias de negociações intensas entre as principais potências mundiais e o Irã, em Genebra, terminaram sem acordo sobre o futuro do programa nuclear iraniano, após a França bloquear uma medida provisória que previa concessões para as duas partes do diálogo.

O grupo intitulado de P5+1, composto por Rússia, EUA, França, Reino Unido e China (todos membros-permanentes do Conselho de Segurança da ONU), mais a Alemanha, concordou em realizar uma nova discussão no dia 20 de novembro, com a presença de chefes de diplomacia das potências e do Irã.

Pressionado por ter sido indicado como o responsável pelo insucesso inicial das negociações, o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, disse na manhã desta segunda-feira (11) ter esperança em um acordo, ainda que seja preciso “fazer um esforço” em alguns pontos. “Nós não estamos longe de um acordo com os iranianos, mas ainda não chegamos lá”, disse Fabius à rádio Europe 1.

As partes marcaram um novo encontro para o dia 20 de novembro. Alguns diplomatas acusaram a França de arrogância durante as conversações em Genebra no fim de semana, algo que Fabius negou, dizendo que Paris não estava isolada, mas teve uma política externa independente. “Estamos firmes, mas não rígidos. Nós queremos paz, e nós queremos chegar ao final”, afirmou.

Para Fabius, o Irã deve suspender a construção do reator de Arak, cujas obras serão concluídas em 2014, e interromper o enriquecimento de urânio a 20% de concentração em troca de um abrandamento das sanções internacionais impostas à economia iraniana.

Oficiais do Irã ressaltaram que a proposta de acordo foi estabelecida em colaboração íntima com representantes ocidentais, e que a França estria barrando as possibilidades de progresso das negociação, ao dividir o P5+1. Outros enviados ocidentais acusaram a França de sabotar o pacto por agir em colaboração com Israel, que já se pronunciou extremamente contrário à qualquer possibilidade de acordo.

Fabius se recusou a entrar em detalhes específicos sobre o que está travando a negociação.

“Tenho esperança de que vamos chegar a um bom acordo. Queremos um acordo que garanta estabilidade regional e internacional”, disse Fabius. “Se não chegarmos a um acordo, será um problema considerável em poucos meses”.

(*) com agências de notícias Reuters e France Presse