'dia triste'

Imprensa internacional repercute aprovação do impeachment

Jornais ressaltaram diferença de tom do Senado em relação à Câmara e destacaram votação 'histórica e extenuante'

reprodução/GGN

‘Processo se tornou uma espécie de referendo sobre a presidência, enquanto o Brasil está em recessão econômica’

GGN – A aprovação do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff também foi alvo de análise dos jornais internacionais, que citaram os votos recebidos por ela na eleição e falando também dos problemas que o país enfrenta atualmente, além dos comentários relacionados à composição do governo interino do vice-presidente Michel Temer.

“Depois que um político chamou de “o dia mais triste da jovem democracia do Brasil”, a maioria dos senadores votou após um longo debate pela suspensão do mandato, colocando problemas econômicos, paralisia política e irregularidades fiscais à frente dos 54 milhões de votos que a colocaram no poder”, diz o jornal britânico The Guardian. A publicação também ressaltou a diferença de tom da votação em relação ao que foi visto na Câmara. “Ao contrário das cenas triunfantes durante a votação na Câmara que geraram escárnio ao redor do mundo, a maioria dos senadores adotou um tom sombrio (…) Em vez disso, muitos afirmaram ser triste e diziam que eles estavam aprovando a suspensão da chefe de Estado eleita com relutância, porque a economia estava em crise e a política estava em tumulto”.

“Descrevendo o esforço para removê-la como um golpe de Estado, Dilma, a primeira mulher a ser presidente do Brasil, rejeitou repetidamente os apelos para renunciar, prometendo continuar sua luta para permanecer à frente do maior país da América Latina”, diz o jornal norte-americano The New York Times. “Mas, dada a margem de oposição contra ela na quinta-feira, os analistas políticos disseram que ela tinha poucas chances de vencer e terminar os dois anos e meio restantes de seu mandato”.

O assunto também foi abordado com destaque pelo jornal espanhol El País, que chamou a sessão no Senado de “histórica e extenuante”, ressaltando a diferença de tom para a votação realizada na Câmara dos Deputados. “A sessão plenária, exceto sua extensão de maratona, correu sem os excessos chocantes e com toques ridículos que marcaram a votação na Câmara, feita há semanas”, escreveu o jornal.

A maratona da votação foi igualmente citada pelo jornal argentino Clarín, que ainda listou as acusações pelas quais Dilma foi julgada. “As acusações contra Rousseff incluem não atender as regras fiscais na gestão do orçamento federal. No entanto, o processo também se tornou uma espécie de referendo sobre sua presidência, enquanto o Brasil está em uma recessão econômica profunda e conduz uma extensa investigação na companhia petrolífera estatal Petrobras”.

O jornal britânico Financial Times abordou a questão política, mas também citou as mudanças na equipe econômica, com a entrada do “respeitado” ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e a citação da escolha de Ilan Goldfajn (economista-chefe do Itaú Unibanco) para a presidência do Banco Central. “A nova equipe teria uma tarefa difícil, com a economia encolhendo a uma taxa anual de quase 4% e milhões de brasileiros desempregados”.