Caso NSA

EUA prometem responder Brasil e México sobre novas denúncias de espionagem

Em nota oficial, departamento de Estado norte-americano diz que vai usar a diplomacia para explicar vigilância sob Dilma e Peña Nieto

Roberto Stuckert Filho/Planalto

Na Rússia, Dilma conversa com outros líderes mundiais sobre a reação ao esquema dos EUA

São Paulo – O Departamento de Estado dos EUA afirmou que vai esclarecer as novas denúncias de espionagem ao Brasil e ao México. Em nota oficial divulgada na manhã de hoje (4), o governo norte-americano promete usar “canais diplomáticos” para explicar as manobras de vigilância realizadas contra a presidente Dilma Rousseff e o dirigente mexicano, Enrique Pieña Neto.

Os EUA, no entanto, se limitaram a dizer que vão usar “sócios e aliados”, sem especificar quando e como virão as respostas da “suposta atividade de inteligência”, diz a nota. “Como parte da nossa política, deixamos claro que os EUA recolhem dados de países estrangeiros da mesma forma que todas as nações também o fazem. Valorizamos a cooperação com todos os países em assuntos de interesse mútuo”, afirmou um funcionário do Departamento de Estado à Agência Efe.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se reuniu no começo da semana com a presidente Dilma Rousseff  para tratar sobre o assunto. O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, também foi convocado para prestar esclarecimentos.

“Se forem comprovados os fatos, nós estamos diante de uma situação que é inadmissível, inaceitável. Eles qualificam uma clara violência à soberania do nosso país”, disse Cardoso. “O Brasil cumpre fielmente com suas obrigações e gostaria que todos os seus parceiros também às cumprissem e respeitassem aquilo que é muito caro para um país, que é a soberania.”

A NSA, Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, teria investigado a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e seus principais assessores, de acordo com documentos ultrassecretos vazados da agência pelo ex-funcionário da CIA Edward Snowden. As informações foram divulgadas em reportagem no último domingo (1º) no programa Fantástico, da Globo, e teriam sido repassadas pelo jornalista norte-americano Glenn Greenwald, que recebeu a maior parte dos documentos de Snowden, atualmente exilado na Rússia e procurado pelos EUA.

Além de Dilma, o presidente do México, Enrique Peña Neto, quando ainda era candidato favorito a assumir o comando do país, em 2012, também foi investigado pelos Estados Unidos. Os documentos vazados fazem parte de uma apresentação interna da NSA.  Eles mostram que foi feita espionagem de Dilma nas Comunicações, incluindo o conteúdo de mensagens de texto entre assessores e colaboradores do Planalto.

“Falsas”

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse na terça-feira (3) que as respostas que os Estados Unidos deram, até o momento, ao Brasil, não se sustentam. “Todas as explicações dadas, desde o início desses episódios, revelaram-se falsas, tanto as que recebemos da embaixada norte-americana e que as nossas equipes receberam na visita aos EUA”, disse o ministro.

Na avaliação de Bernardo, a denúncia de espionagem é um “embaraço que eles [EUA] nos causam, assim como estão causando para outros países, como México, Alemanha, França”. Ele disse também que o governo brasileiro não tem a “ilusão” de achar que os norte-americanos iriam espionar dados nacionais por achar que “tem alguém tramando ataques”.

Para o ministro, a situação pode ser solucionada de forma diplomática. “O que o governo fez, pedir explicações, é adequado. Nós somos amigos, temos relações diplomáticas há 200 anos, e a diplomacia é o caminho para resolver isso”, conclui.