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Cristina é indiciada com base em relatório de promotor morto

Denúncia é a mesma apresentada pelo promotor Nisman em 14 de janeiro, quatro dias antes de morrer, na qual dizia existir 'plano criminoso' destinado a dar impunidade aos investigados iranianos acusados na causa Amia

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Capitanich: “Maior operação de golpismo judicial ativo já conhecido na história argentina”

São Paulo – O promotor argentino Gerardo Pollicita levou adiante a denúncia feita por Alberto Nisman e indiciou a presidente Cristina Kirchner, nesta sexta-feira (13), por suposto favorecimento ao Irã na investigação sobre os responsáveis pelo maior atentado terrorista ocorrido na Argentina, contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia). Além da mandatária, foram indiciados o chanceler, Héctor Timerman, e os demais envolvidos no relatório de 300 páginas escrito pelo promotor Nisman.

A denúncia é a mesma que foi apresentada por Nisman em 14 de janeiro, quatro dias antes de morrer. Nela, o promotor dizia existir um “plano criminoso destinado a dar impunidade aos investigados iranianos acusados na causa Amia”. Tal decisão foi tomada, de acordo com Nisman, por Cristina Kirchner. O caso será investigado pelo juiz Daniel Rafecas, que voltará das férias para assumir o caso. No começo do mês, o magistrado havia sinalizado que não analisaria a questão.

Isso porque Nisman, em vez de apresentar a nova denúncia à Câmara, a entregou ao juiz Ariel Lijo, que investiga a manobra de encobrimento dos responsáveis, motivo pelo qual foram processados, em 2009 e 2012, o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), o chefe da Secretaria de Inteligência de Estado (Side), Hugo Anzorreguy, e o juiz Juan José Galeano. Lijo também se declarou incompetente para assumir o caso.

“Golpismo”

A Casa Rosada tem rechaçado veementemente as denúncias. Também hoje o chefe do gabinete, Jorge Capitanich, denunciou que o governo enfrenta “a maior operação de golpismo judicial ativo já conhecido na história argentina”. O secretário-geral da presidência, Aníbal Fernández, por sua vez, qualificou o indiciamento de “manobra de desestabilização antidemocrática”.

A presidenta da Procuração do Tesouro, Angelina Abbona, responsável pela defesa do Estado, criticou a tese: “Não existe nenhuma prova sequer de caráter ‘indiciável’ que demonstre a existência de condutas atribuíveis à presidenta da Nação ou funcionários do governo nacional que possam ser enquadrados em crimes penais”.

O órgão apresentou hoje à Justiça documentos “juridicamente relevantes” para rebater a denúncia apresentada pelo promotor Alberto Nisman.

Manifestação

Um grupo de fiscais convocou uma marcha do silêncio para quarta-feira (18) em homenagem a Nisman. Opositores do governo confirmaram presença na manifestação, que é classificada pelo governo como “oportunista”.

“Todos os cidadãos têm o direito de se manifestar, especialmente os políticos e seus partidos, mas quando um é funcionário do Poder Judicial deve tomar precauções, já que integra um dos poderes da nação e isso implica certas responsabilidades”, comentou o deputado Jorge Landau, do Partido Justicialista.