cenário indefinido

Em segundo turno inédito, Argentina elege novo presidente neste domingo

Votos em branco, abstenções e indecisos serão fundamentais para decidir se Daniel Scioli, da governista Frente para a Vitória, ou Maurício Macri, do opositor Cambiemos, será o novo mandatário

DAMI DARRAS/fotos públicas

Daniel Scioli e Mauricio Macri participaram do último debate, em Buenos Aires, na segunda-feira (16)

Opera Mundi – Pela primeira vez na história do país, 32 milhões de argentinos vão às urnas hoje (22) eleger um presidente em um segundo turno. Na disputa pela Casa Rosada estão o candidato apoiado pela mandatária Cristina Kirchner, Daniel Scioli (governador de Buenos Aires), da Frente para a Vitória, e Mauricio Macri (prefeito da cidade de Buenos Aires), do Cambiemos, que é respaldado pela maior parte dos candidatos derrotados no primeiro turno.

Apesar de as últimas pesquisas eleitorais apontarem uma vantagem de Macri (que oscila entre três e sete pontos), o cenário está indefinido. O número de indecisos está entre 4% e 11%, dependendo da pesquisa. Além disso, o voto em branco também poderá ser decisivo na campanha. De acordo com a Management&FIT, a estimativa é que 4% dos eleitores escolham por essa opção. No primeiro turno, essa porcentagem foi de 2,5%.

Não é a primeira vez no país que um presidente não consegue se eleger na primeira votação. Em 2003, Néstor Kirchner e Carlos Menem, ambos do PJ (Partido Justicialista – ou peronista) disputariam a eleição em um segundo turno por não terem obtido mais de 45% dos votos, como define a Constituição argentina. No entanto, Menem desistiu da candidatura e Kirchner foi eleito com apenas 22% dos votos.

Mas, os tempos são outros. Macri que, segundo as pesquisas de opinião ao final do primeiro turno, disputava com Sergio Massa quem iria ao segundo, conseguiu uma votação que surpreendeu a todos e, apesar de ter ficado em segundo lugar no pleito, saiu da disputa com ares de vencedor. Macri obteve 34% dos votos, enquanto Scioli atingiu 37% e Massa, 21,3%.

Scioli, que tinha a possibilidade, também segundo as pesquisas, de ganhar ainda em um primeiro turno, teve que recompor suas forças para disputar a nova rodada eleitoral, já não mais como favorito, uma vez que as pesquisas passaram a apontar uma vantagem de Macri de cerca de três a sete pontos.

Apoio

Se Scioli tem como principal cabo eleitoral a presidente Cristina Kirchner, cuja gestão é bem avaliada por mais de 50% dos argentinos, Macri recebeu – ainda que indiretamente – apoio da maior parte dos candidatos que disputaram o primeiro turno. Há ainda uma corrente, liderada por Nicolás del Caño, que defende o voto em branco, por considerar que ambos os candidatos representam projetos políticos e econômicos iguais.

De fato, o quase um mês de campanha eleitoral para o segundo turno configurou uma nova eleição. Houve uma rearticulação da militância e de peronistas de outras correntes, muitos dos quais apoiaram Massa no primeiro turno, em torno de Daniel Scioli, contra o que classificaram de “retrocesso”. Artistas, estudantes, intelectuais, pequenos comerciantes e empresários também iniciaram uma campanha autoconvocada com diversas manifestações em torno do governador da província de Buenos Aires.

Macri, cujo marketing eleitoral foi exitoso até aqui, manteve a chamada “campanha colorida”. Ao contrário de seu oponente, que assumiu uma faceta mais agressiva para criticar os projetos econômicos de Macri, este se manteve sereno e com tom de vencedor. Sua estratégia de ressaltar alegria, mudança e crescimento do país foi usada até o último minuto, quando pediu aos argentinos, durante o encerramento da campanha, “que não brigassem, que não discutissem e que guardassem as energias para domingo”.

O cenário segue aberto e só se poderá conhecer o novo presidente argentino após as 19h30 (20h30 de Brasília), quando estima-se que serão divulgados os primeiros resultados. O resultado final, no entanto, está previsto para a meia-noite (1h de Brasília).

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