eleição presidencial

Scioli e Macri encerram campanha do segundo turno na Argentina; eleição é no domingo

Silêncio eleitoral teve início ontem; candidato apoiado por Cristina ressaltou continuidade do projeto kirchnerista e marcou posição contra Macri

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Scioli se comprometeu com a campanha promovida pelo papa de que todos tenham ‘terra, teto e trabalho’

Opera Mundi O Daniel Scioli que encerrou a campanha ontem (18) é distinto do que o fez no primeiro turno da campanha. O candidato da governista Frente para a Vitória (FPV) se apresentou mais aguerrido, mais combativo. Cercado por peronistas históricos, fez um discurso político, permeado por contrapontos e críticas ao opositor Mauricio Macri, da coalizão opositora Cambiemos. Este, por sua vez, encerrou sua campama em Humahuaca, no estado de Jujuy.

O local escolhido também marcou uma diferença importante na estratégia do governador da província de Buenos Aires. Em vez do Luna Park, localizado na capital, em meio ao histórico reduto opositor, Scioli optou pela cidade de La Matanza, “a capital do peronismo”, como ele mesmo definiu. A escolha é emblemática em um momento em que ambos os candidatos buscam atrair os eleitores do terceiro colocado no pleito e peronista dissidente, Sergio Massa.

“A Argentina hoje tem o salário mínimo mais alto da América Latina. Esse é meu compromisso. Sou a defesa do seu trabalho, do seu salário e da sua família”, disse o candidato, ao ressaltar as vertentes econômicas que o diferenciam de Macri. Scioli também voltou a acusar o opositor de querer aplicar uma megadesvalorização do peso argentino, o que, segundo ele, provocaria desemprego e dificuldades econômicas para o país.

Scioli criticou ainda o que chamou de “pacto com os diabos”, referindo-se às supostas alianças de Macri com os fundos abutres – contra os quais a Argentina trava uma longa batalha – e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Não se trata de votar amarelo ou laranja; Pro ou FPV. É a Argentina, é o orgulho nacional e é isso que temos que buscar. Vamos seguir trabalhando, avançando e construindo um país pujante e inclusivo socialmente”, encerrou o candidato.

Peronistas unidos

“O sentimento peronista hoje está mais unido do que nunca. Muitos peronistas que votaram em Massa agora dizem que não vão trair o peronismo. Radicais disseram que não votarão em Macri. Socialistas também dizem que vão votar em Scioli”, disse Fernando Espinoza, prefeito de La Matanza e presidente do Partido Justicialista (PJ) da Província de Buenos Aires.

Espinoza pediu à militância peronista que mantenha as atividades, apesar do encerramento da campanha eleitoral: “Militar, militar, militar. Respeitem o silêncio eleitoral, mas nossa língua ninguém irá cortar”. E mandou um recado aos jornalistas: “Sejam bem-vindos a La Matanza. Não olhem pesquisas, saiam às ruas. As pessoas não estão em casa porque estão trabalhando ou estudando”, ressaltou, em referência às políticas de criação de emprego e à construção da Universidade Nacional de La Matanza.

Macri

Em exatos 11 minutos, Maurício Macri, que escolheu um cenário cinematográfico para seu ato final, despediu-se da campanha. Apostando em uma campanha mais emotiva que política, Macri fez um chamado à mudança e ao crescimento e pediu aos argentinos que não “discutam, não briguem. Guardem as energias para o dia da votação”.

Em um ato no monumento à Independência em Humahuaca, o prefeito em fim de mandato de Buenos Aires e candidato da coalizão conservadora Mudemos afirmou que seu desafio para os próximos anos “é mudar a vida e o futuro de todos os argentinos”. “Podemos viver melhor, merecemos viver melhor”, assinalou Macri, quem prometeu “pobreza zero”, créditos para habitação, qualidade na educação pública e combate ao narcotráfico.

“Argentinos, estamos prontos para viver uma etapa maravilhosa de nossa história. Quero que hoje cada um vá para casa sabendo que isso começando, que isso é de verdade, que o momento chegou. Que dizemos que todos juntos vamos construir nossa Argentina”, concluiu.

Horas antes do evento, Macri participou junto a membros de comunidades de povos originais em um ritual de “oferenda” à Pachamama (a “mãe terra”).


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