China proíbe novos protestos a favor da liberdade de imprensa

Nota do Departamento de Propaganda vem no mesmo dia em que novas revoltas ocorrem em apoio ao jornal Semanário do Sul

Manifestantes seguram cartazes e bandeiras nacionais diante da sede do jornal Semanário do Sul, em Guangzhou, contra a censura (Foto: James Pomfret/Reuters)

São Paulo – O Departamento de Propaganda do PCCh (Partido Comunista da China) lembrou hoje (8) que o governo “ainda tem o controle absoluto” da imprensa e proibiu novos protestos a favor da liberdade de expressão, em resposta às manifestações de jornalistas e apoiadores do Semanário do Sul (Nanfang Zhoumo) ocorridas ontem no Cantão. São os maiores protestos desse tipo em mais de duas décadas.

“São várias as forças estrangeiras hostis que intervieram nos protestos”, afirmou a nota do PCCh, publicado no South China Morning Post. O comunicado foi enviado aos principais chefes do partido e a diretores de alguns veículos da imprensa para incentivá-los a proibir tais manifestações e assegura que o controle midiático das autoridades é um princípio “inquebrantável”.

O Departamento de Propaganda comunista também ordenou hoje aos veículos de comunicação de todo o país que publiquem um editorial no qual diz que o gigante asiático “não tem a infraestrutura social para apoiar a “imprensa livre”.

“Devido à realidade social e política da China, a liberdade de imprensa que reivindicam essas pessoas simplesmente não existe”, assinala o editorial.

Os protestos em frente à sede do Semanário do Sul continuam pelo segundo dia consecutivo, após centenas de pessoas se reunirem ontem em apoio aos jornalistas do veículo que entraram em greve contra censura às suas críticas ao governo e à linha editorial liberal.

A polícia interveio para apartar brigas que ocorreram hoje, quando simpatizantes do jornal vaiaram e empurraram um grupo de manifestantes que carregavam pôsteres de Mao Tsé-tung, falecido líder comunista chinês, e cartazes acusando o jornal de “traidor” por desafiar o regime do PCCh.

“Essas pessoas são agitadores pagos do governo, distorcendo a verdade com propaganda. Tínhamos de fazer algo a respeito”, disse o manifestante Cheng Qiubo, da ala pró-liberdade de imprensa.

Além disso, o jornal do governo Tempos Globais publicou um editorial que defendia o controle estatal sobre a mídia como um princípio inabalável e desmotivava o apoio aos jornalistas do Semanário.

Grandes portais de notícia, como a Sina, Sohu e Tencent, republicaram o artigo, mas disseram que isso não significava que compartilhavam da opinião ou endossavam o conteúdo. Edições impressas de quatro jornais conhecidos (Xiao Xiang Morning Post, Shanghai Morning Post, China Youth Daily, Oriental Daily), não republicaram o texto.

A próxima edição do Semanário do Sul sai nesta quinta-feira (10). Segundo a agência AP, editores e oficiais de propaganda encaminham negociações sobre quais condições os jornalistas concordariam em trabalhar.

Com informações da EFE, Reuters e BBC

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