Chile inaugura museu em homenagem às vítimas da ditadura militar

Santiago (Chile) – Depois de 20 anos de redemocratização, o Chile presta uma homenagem às vítimas da ditadura (1973-1990) e suas famílias. O Museu da Memória e dos Direitos Humanos,  […]

Santiago (Chile) – Depois de 20 anos de redemocratização, o Chile presta uma homenagem às vítimas da ditadura (1973-1990) e suas famílias. O Museu da Memória e dos Direitos Humanos,  construído na capital chilena, abriga fotografias das vítimas, depoimentos de homens e mulheres que foram torturados, cartas de crianças a seus pais desaparecidos e até a reprodução de uma sala de tortura com uma cama elétrica.

Como no Brasil, onde as discussões sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos dominam os debates políticos, no Chile o tema também é frequente. Recentemente, durante a campanha presidencial, os candidatos retomaram a discussão sobre a revisão da Lei de Anistia. O debate, porém, ainda aguarda um desfecho.

Por 17 anos, o Chile viveu uma das ditaduras mais violentas da América Latina. Pelos dados oficiais, foram 28 mil pessoas torturadas e outras 2.279 desaparecidas e mortas. As chamadas Comissões da Verdade identificaram 180 crianças e adolescentes assassinados, além de 1.283 presos e torturados.

Inaugurado no último dia 11, o museu é uma espécie de resgate de parte dessa história. O local inspira respeito e reverência. São três andares. No primeiro andar está uma das alas mais chocantes: a reprodução de uma sala de tortura, com uma projeção permanente de relatos das vítimas e detalhes do sofrimento.

Para mostrar como eram tomados os depoimentos durante a repressão foi instalada na sala de tortura uma cama elétrica. Junto à cama havia uma fiação que era colocada no corpo da vítima, que recebia choques para que ‘confessasse’ os detalhes que interessavam à ditadura.

Antes, porém, o visitante que for ao local verá uma exposição com fotografias que mostram rostos e corpos de adultos, jovens e crianças torturados por regimes autoritários em diferentes países, além do Chile.

Nas imagens, os sinais de agressão aparecem em ferimentos e mutilações. No segundo andar do prédio do museu há uma parede coberta de fotos até o teto de vários dos desaparecidos e mortos pela ditadura.

Duas áreas do museu se destinam às cartas das crianças aos pais desaparecidos, desenhos reproduzindo as dores e apelos emocionados. “Levaram-me ao regimento para interrogar-me. Não segui estudando. A única coisa que queria era morrer”, disse David Ortega, na época com 13 anos. Alguns objetos das vítimas, como óculos, luvas, cadernos e livros, também estão no museu.

Fonte: Agência Brasil