Sem trégua

Após seis meses, guerra entre Rússia e Ucrânia não tem perspectiva de terminar

Objetivo de Moscou ao invadir país vizinho foi interromper a aproximação incessante das forças militares da Otan e dos EUA de suas fronteiras no oeste

Anton Vergun/Sputnik
Anton Vergun/Sputnik
Em 24 de fevereiro de 2022, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou a chamada “operação especial”

São Paulo – A guerra entre Rússia e Ucrânia completa seis meses nesta quarta-feira (24). Em 24  de fevereiro de 2022, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou a chamada “operação especial”. O objetivo era dar uma resposta definitiva à aproximação incessante das forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) da fronteira russa a oeste – ou leste ucraniano.

Diversos analistas independentes alertaram sobre os riscos de levar Moscou a ficar cada vez mais ameaçada pela agressividade com que os Estados Unidos empurravam forças militares ocidentais para mais e mais proximidade das fronteiras da Rússia.

Putin tentou negociar, em vão, até o final de 2021. Todos os seus esforços foram ignorados. Considerado visionário, Henry Kissinger, o já lendário, e ainda vivo, ex-secretário de Estado dos EUA opinou diversas vezes sobre o tema. Segundo ele, a Ucrânia não deveria ser admitida na Otan, o braço armado dos EUA na Europa.

Diante da recusa ocidental em simplesmente dialogar, ao finalmente invadir o país vizinho, Moscou alegou o objetivo de “desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia”, controlada em grande parte por forças militares neonazistas desde a derrubada do governo pró-Rússia em 2014. O presidente Volodymyr Zelensky é considerado um fantoche do Ocidente.

Luhansk, Donestsk e Mariupol

Durante a operação, as Forças Armadas da Rússia “libertaram completamente”, segundo Moscou, a República Popular de Luhansk e grande parte de Donetsk. Mariupol, a sudeste da Ucrânia, foi a cidade mais disputada na guerra até o momento. Os russos tomaram a cidade em definitivo na segunda quinzena de abril.

Além da importância do porto em si, o principal do Mar de Azov, Mariupol é de importância geopolítica estratégica, já que abrange ampla área que vai do leste até o sul da Ucrânia, unindo as repúblicas pró-Rússia de Donetsk e Luhansk até a Crimeia. A cidade era também a base do grupo nazista Batalhão Azov, que foi desmantelado na localidade.

Segundo Moscou, desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, “foram eliminados” 268 aviões ucranianos, 148 helicópteros, 1.803 drones, 369 sistemas de defesa antiaérea, 4.382 tanques e outros veículos blindados de combate, 819 lançadores múltiplos de foguetes, 3.339 peças de artilharia de campanha e morteiros e 5.034 veículos militares especiais, de acordo com o Ministério da Defesa russo.

Ameaça de crise energética

Não há, no momento, perspectiva de fim da guerra. As sanções do Ocidente e dos EUA à Rússia não deram resultado. Pelo contrário, os efeitos têm sido uma séria ameaça que paira sobre a Europa, que pode ter séria escassez de energia no inverno que se aproxima. O continente europeu pode pagar alto preço por seu alinhamento servil a Washington.

A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo do mundo, depois da Arábia Saudita, e o principal fornecedor de gás para a Europa.

No final de julho, a Comissão Europeia propôs que os países membros da União Europeia reduzissem em 15% o uso de gás, de agosto a março de 2023. A Comissão estuda tornar a medida obrigatória em caso de emergência. Os consumidores vão pagar contas altíssimas.

Em julho, o presidente francês, Emmanuel Macron, alertou os cidadãos de seu país para se prepararem para um corte total do gás natural da Rússia. Outras alternativas de energia, desligamento de luzes públicas à noite e “sobriedade” são opções no horizonte.

Macron observou que não há previsão para o fim do conflito. “A guerra vai continuar”, previu o líder, acrescentando que a população deve se “preparar para o cenário em que teremos de ficar sem todo o gás russo”.

Provocações continuam

Enquanto isso, as provocações norte-americanas continuam. Os EUA enviaram dois bombardeiros B-52 para sobrevoarem o sudeste europeu, segundo noticia o site Sputnik Brasil. Segundo a Força Aérea norte-americana, os bombardeiros operam na base da Força Aérea Real britânica. “O objetivo do sobrevoo é demonstrar o compromisso e a garantia dos EUA aos aliados e parceiros da OTAN no sudeste da Europa”, disse a Força Aérea dos EUA.

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