Guerra na Europa

Reunião entre Rússia e Ucrânia é adiada. Ataques aumentam, e ONU reprova invasão

Na assembleia das Nações Unidas, Brasil foi o único do grupo dos Brics a votar a favor da resolução e contra a Rússia

Reprodução/Youtube/Sputnik
Reprodução/Youtube/Sputnik
Imagens mostram desde a semana passada destruição da defesa antiaérea ucraniana

São Paulo – A segunda reunião de negociações entre Rússia e Ucrânia, inicialmente prevista para hoje (2), foi adiada para amanhã, na fronteira entre Bielorússia e Polônia. As informações são de que o encontro foi remarcado para dar tempo de a delegação ucraniana chegar a Belovezhskaya Pushcha, na região de Brest, perto da Polônia. Mas também há a informação de que a Ucrânia tenta ganhar tempo enquanto conversa com os Estados Unidos.

“Nós esperamos representantes ucranianos amanhã, já estão a caminho”, afirmou o líder da delegação russa, Vladimir Medinski, segundo a agência russa Tass. De acordo com especulações, um possível cessar-fogo seria colocado na mesa de negociações.

primeiro encontro entre os dois países desde o início da guerra aconteceu na segunda-feira (28/2), mas terminou sem nenhum acordo ou avanço após mais de cinco horas.

Resolução da ONU

Ainda na tarde de hoje (horário de Brasíia), a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma Resolução contra a invasão da Ucrânia pela Rússia. Foram 141 votos pela reprovação (entre os quais do Brasil), 5 contra e 35 abstenções.

Embora o desejo do Ocidente fosse o de a Resolução “condenar” a Rússia pela invasão, o texto mudou o verbo e apenas “deplorou a ação militar”. Em seu item 2, o documento  afirma que a Assembleia Geral: “Deplora, nos termos mais fortes, a agressão da Federação Russa contra a Ucrânia em violação com o Artigo 2 da Carta da ONU”.

A Resolução aprovada na ONU “reafirma o compromisso com a soberania, independência, unidade e integridade territorial da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas estendendo a suas águas territoriais”. O texto “deplora o envolvimento da Belarus nesse uso ilegal da força contra a Ucrânia”.

Por outro lado, o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, afirmou que seu país não pode ser responsabilizado pelo conflito. “Não foi a Rússia que iniciou esta guerra. Essas operações militares foram iniciadas pela Ucrânia contra os habitantes de Donbass (região separatista no leste ucraniano) e contra todos aqueles que não concordavam com ela”.

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Como votaram os países em relação à Rússia na Assembleia Geral da ONU (Reprodução)

Contras e prós

Os cinco países que votaram contra o texto foram Bielorússia, Eritreia, Coréia do Norte, Síria e a própria Rússia. Chama a atenção, porém, entre os 35 países que se abstiveram, China, Índia e África do Sul. Ou seja, entre os membros do Brics, apenas o Brasil votou contra o Kremlin.

Destaca-se ainda que o Paquistão, rival histórico da Índia nas disputas geopolíticas, deixou as diferenças de lado e também se absteve. Após autorizar as operações militares na Ucrânia, o presidente Vladimir Putin se reuniu com o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan. Como a Índia, o Paquistão é uma potência nuclear.

Conflito avança

Nesta quarta, o porta-voz do ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov, garantiu que as Forças Armadas russas já têm “o controle total” do centro regional de Kherson. A cidade, no sul da Ucrânia, é considerada estratégica. Fica ao norte da Crimeia, dominada pela Rússia desde 2014. Ontem, o Exército russo já estava a postos em vários pontos na entrada da cidade

Segundo a versão russa, cerca de 498 militares de seu exército foram mortos e quase 1,6 mil ficaram feridos desde o início dos ataques na semana passada. O Ministério da Defesa refutou relato ucraniano de que houve “incontáveis” baixas russas e afirma que unidades do exército ucraniano e paramilitares de extrema direita neonazistas teriam perdido 2,9 mil homens, outros 3,7 mil teriam ficado feridos e 572 militares foram feitos prisioneiros.