conflito

ONU fará reunião de emergência após Coreia do Norte anunciar teste nuclear

Anúncio gerou repudio de comunidade internacional, sobretudo de países que têm histórico de desavenças com Pyongyang, como EUA, Coreia do Sul e Japão

CC/Flickr

Kim Jong-un: “Que o mundo olhe para o forte e autossuficiente Estado com armas nucleares”

Opera MundiA Coreia do Norte anunciou hoje (6) que testou com sucesso seu primeiro teste nuclear com bomba de hidrogênio. A declaração gerou revolta da comunidade internacional, sobretudo da Coreia do Sul, Japão  e EUA,  que convocaram uma reunião de emergência para abordar o assunto.

“Que o mundo olhe para o forte e autossuficiente Estado com armas nucleares”, escreveu Kim Jong-un em uma nota exibida pela TV estatal norte-coreana. O teste ocorreu às 10h locais (23h30 de terça em Brasília), informou a agência oficial KCNA.

A ação ‘eleva a potência nuclear’ do pequeno país asiático e ‘fornece arma para a Coreia do Norte se defender de seus inimigos’, notadamente EUA e os vizinhos sul-coreanos, declarou um porta-voz do governo local. Este é o quarto teste nuclear do gênero no país.

Em Viena, a Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBTO, sigla em inglês) informou nesta manhã que sua rede de estações de medição detectou um “evento sísmico incomum” na Coreia do Norte, com um terremoto de magnitude 5,1 na escala Richter.

“A localização (do terremoto) é muito similar ao evento que nosso sistema registrou em 12 de fevereiro de 2013. Nossa estimada localização inicial mostra que o fato aconteceu na zona de testes nucleares da Coreia do Norte”, informou o órgão da ONU.

“Se for confirmado como um teste nuclear, este ato constitui uma fraude da norma universalmente aceita contra os testes nucleares. Uma norma que foi respeitada por 183 países desde 1996”, indicou em comunicado Lassina Zerbo, secretário-executivo do CTBTO. “Isto é uma série ameaça à paz e à segurança internacional”, completou.

Repúdio internacional

A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, declarou que o país vizinho irá tomar “medidas firmes” contra qualquer provocação adicional da Coreia do Norte. A líder ainda acrescentou trabalhar com a comunidade internacional para garantir que a nação isolada pague o preço por seu mais recente teste nuclear.

“Continuaremos protegendo e defendendo nossos aliados na região, entre eles a República de Coreia (Coreia do Sul), e responderemos apropriadamente a todas as provocações da Coreia do Norte”, disse hoje o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, John Kirby, em uma declaração enviada à Agência Efe.

“A Coreia do Norte fez seu primeiro teste nuclear em 2006 e, até hoje, realizou o mesmo duas vezes. Nós deixamos claro, em repetidas ocasiões, que não a aceitaremos como um Estado nuclear”, acrescentou Kirby.

Já a União Europeia pediu fim a um “comportamento ilegal e perigoso” por parte de Pyongyang. Para a chefe da diplomacia do bloco, Federica Mogherini, a ação representaria uma “grave violação das obrigações internacionais da Coreia do Norte”.

“Peço à Coreia do Norte que volte a se comprometer em um diálogo crível e frutífero com a comunidade internacional, em particular no âmbito das conversas a seis partes (Estados Unidos, China, Rússia, Japão e as duas Coreias)”, solicitou Mogherini.

Outros países europeus, como os governos do  Reino Unido e da França já expuseram sua forte rejeição à atitude de Pyongyang. “É uma violação inaceitável às resoluções da ONU”, disse o presidente francês, François Hollande.

Na mesma linha, a China reprovou nesta quarta-feira o teste nuclear norte-coreano, disse que “se opõe formalmente” ao teste e pediu ao ao governo norte-coreano que evite ações “que piorem a situação” e mantenha seu compromisso com a desnuclearização da península coreana.

De sua parte, o premiê japonês, Shinzo Abe, afirmou que o teste  é uma ameaça para a segurança mundial. “Não podemos absolutamente permitir isso”, sintetizou.

A Índia também pediu que Pyongyang se abstenha de realizar testes nucleares, que a julgamento do governo indiano põem em risco a paz na Ásia e não respeita os compromissos internacionais. “Pedimos à República Popular Democrática de Coreia que se abstenha de tais ações, que causam impacto na estabilidade da região”, disse o porta-voz das Relações Exteriores indiano, Vikas Swarup, em nota.

Em tom mais ameno, a Rússia pediu calma a todas as partes envolvidas no conflito entre as duas Coreias. “Nesta situação pedimos a todas as partes que não tomem ações que possam provocar uma incontrolada escalada de tensão na Ásia nordeste”, advertiu a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova.