Inflação

Maduro ordena ocupação de rede de eletrodomésticos acusada de especulação

DAKA, maior empresa do ramo na Venezuela, teria colocado à venda itens com um sobrepreço de até 1000%, segundo governo

Miguel Gutiérrez/EFE

Uma das filiais da Daka foi saqueada depois do anúncio de sobrepreço feito pelo presidente

São Paulo – Como parte das ações contra a chamada “guerra econômica” na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro ordenou na madrugada de hoje (9) a “ocupação imediata” da maior rede de eletrodomésticos do país, acusada de fazer especulação com os preços dos produtos. A DAKA teria colocado à venda itens com um sobrepreço de até 1000%, de acordo com o governo.

Na tarde de hoje, uma das filiais da empresa em Valencia, capital do Estado de Carabobo, foi saqueada e dezenas de eletrodomésticos como televisões e aparelhos de micro-ondas foram levados. Membros da Polícia Nacional Bolivariana atuaram para prender os responsáveis pela ação.

O anúncio de ocupação da DAKA foi feito por Maduro por meio de cadeia de rádio e TV. “Ordenei imediatamente a ocupação dessa rede e que os produtos sejam vendidos a preços justos ao povo, todos os produtos, que nada fique nas prateleiras”, afirmou o presidente. De acordo com o governo, uma lavadora-secadora que custava 35.900 bolívares em 1º de novembro estava custando na sexta-feira 59.900 bolívares.

O chefe de Estado instou o empresariado nacional a se ajustar à lei “porque vamos fazer um ‘pente fino’ no território nacional nos próximos dias. É preciso acabar com o roubo ao povo. Peço apoio da Venezuela, pois isso o que estamos fazendo é pelo bem do povo”, continuou Maduro.

Medidas

Nesta semana, o presidente pediu aos comerciantes para que não se juntem à “guerra silenciosa”, que, segundo ele, basicamente consiste em desatar a especulação, desrespeitar a legislação, esconder mercadorias e fixar preços aleatoriamente. “Digo à burguesia, o que anuncie e adverti bastante, que iríamos com tudo, mas as manchetes dos jornais desta sexta só me dizem que eles não querem se retificar e que buscam a fome do povo. Não vamos permitir que isso aconteça!”, concluiu.

Controlado em sua ampla maioria por grupos privados, os jornais venezuelanos estamparam ontem manchetes como “Inflação sacode os venezuelanos” e “Escassez em outubro foi a mais alta em 5 anos”. O governo venezuelano considera que esses veículos de comunicação também integram uma frente de desestabilização contra o país.

Na quarta-feira (6), Maduro anunciou um pacote de medidas com o objetivo de estabilizar a economia do país e combater a “guerra econômica”. As ações incluem ajuste no sistema de regulação de preços de itens prioritários, inspeção de empresas e comércios para averiguar estocagem e comercialização e a criação de um Centro de Comércio Exterior para coordenar organismos de emissão de divisas e importações.

Para solucionar a questão da inflação, a qual qualificou como induzida, anunciou a criação de um fundo para a estabilização de preços de bens de consumo massivo, com arrecadação baseada em sanções aos “especuladores”, e a realização de um operativo para garantir a venda de produtos prioritários a “preços justos” durante os meses de novembro e dezembro.