Espionagem

Estado policial dos Estados Unidos ameaça democracia, analisa Frei Betto

Para assessor de movimentos sociais, postura de Barack Obama não é democrática e cria Estado de terror

Victor Soares/ABr

Frei Betto afirmou que espionagem nos EUA representa um ‘arremedo de democracia’

São Paulo – O assessor de movimentos sociais Frei Betto comentou à Rádio Brasil Atual que é um exemplo de “arremedo de democracia, uma democracia sem liberdade e privacidade”o governo norte-americano ter acesso a e-mails, telefonemas e dados pessoais da sociedade civil. Ele afirmou que comprovar que a democracia e a liberdade individual não são compatíveis é uma vitória de Osama Bin Laden.

Para Frei Betto, o presidente dos Estados Unidos não apresentou postura democrática ao comentar o escândalo, na semana passada. “Uma senadora democrata norte-americana afirmou que uma das obrigações do governo é garantir que os Estados Unidos permaneçam seguro, e o próprio presidente não foi menos enfático, disse que é preciso reconhecer que não se pode ter cem por cento de segurança e cento por cento de respeito à esfera privada e zero por cento de inconveniente.”

A consagração do estado policial, segundo Frei Betto, é capaz de controlar todos os cidadãos, e o medo do terrorismo faz com que 56% dos habitantes dos EUA apoiem a vigilância telefônica e eletrônica da população.

Segundo o jornal britânico The Guardian, a NSA (sigla em inglês de Agência de Segurança Nacional) dos EUA criou um banco de dados com ligações telefônicas e mensagens de voz de milhões de cidadãos, coletados de pessoas que utilizam o serviço da operadora Verizon – uma das mais populares no país. O jornal obteve cópia de uma ação judicial sigilosa da NSA.

Na administração de George W. Bush, a imprensa norte-americana revelou uma série de gravações e escutas telefônicas ordenadas com base no “Patriot Act”. Essa é a primeira vez, no entanto, que, sob a tutela de Obama, um caso de espionagem de grandes proporções é revelado. Fato que pode dar “sinais da continuação da política de controle da população”, segundo a imprensa europeia.

Edward Snowden, o principal responsável pelo vazamento do programa de vigilância de comunicações dos Estados Unidos, disse na quarta-feira (12) que o governo norte-americano mantém espionagem na China e Hong Kong há vários anos. Para justificar o vazamento dos dados, logo quando o escândalo veio à tona, ele afirmou que não gostaria de viver “num mundo em que tudo o que faço e o que digo fica registrado”. Ele acrescentou que agiu assim porque percebeu que os presidentes podem mentir para se manter no poder e ignorar sua promessas públicas sem consequência.

Ouça aqui o comentário de Frei Betto.