Temporais de verão causam estragos a Bebedouro

Jardim Cláudia é o mais prejudicado; Prefeitura pede R$ 8,2 milhões para obras

(Fotos: Enio Lourenço e Luiz Gustavo Nogueira)

Mais uma vez, em fevereiro, Bebedouro sofreu com as chuvas. No domingo, dia 10, no fim da tarde, a cidade sofreu uma forte tempestade, de quase duas horas, que comprometeu a estrutura de prédios e ruas. Os bairros mais afetados foram o Jardim Cláudia, o Jardim Laranjeiras e o Centro, que teve a ruptura do muro da Estação Ferroviária. Ruas alagadas, destruição do asfalto, árvores caídas e destelhamentos são algumas marcas dessa tragédia, que não deixou nenhum ferido.

O Jardim Cláudia foi um dos bairros que mais sofreu com as chuvas de verão. Até agora, nenhuma medida preventiva foi tomada para que os moradores não tenham prejuízos com os danos decorrentes do fenômeno natural. No Complexo Social Urbano Tancredo Neves, o Tancredão, a enchente é comum e sempre invade as casas da vizinhança.

A cabeleireira Fabiana Fernandes, de 28 anos, conta que ninguém da Prefeitura aparece na região – “nem antes nem depois das chuvas” – para discutir alguma solução. “Mais uma vez entrou água na minha casa. Não chegou a invadir o meu salão de beleza, mas subiu uns 20 centímetros.” Para ela, uma solução simples seria a limpeza dos bueiros. “Quando chove aqui sempre vira um pasto.”

O vizinho da cabeleireira, Cláudio Gimenes, de 60 anos, conta que a água não entrou em sua casa no último temporal, porque ele instalou uma válvula de retenção, que evitou o alagamento e o retorno do esgoto (comum a outras casas do bairro). O aposentado pede providências e considera a situação como irresponsabilidade do poder público: “As chuvas esburacaram o asfalto, que foi colocado no ano passado. Deveriam fazer canaletas nas grandes avenidas e colocar bueiros nas ruas do bairro para evitar que a água da chuva desague toda aqui”.

De acordo com o diretor de Obras e Planejamento, Gilmar Feltrin, as enchentes no Jardim Cláudia se devem à ausência de galeria do Jardim Eldorado (noticiada na última edição deste jornal), que vai da Rodovia Armando Sales de Oliveira até a Avenida Santos Dummont, no setor norte da cidade. No entanto, o diretor discorda da solução proposta pelo aposentado por considerar inviável escoar as águas para córrego Parati, que está degradado e em avançado processo de erosão. “Temos de criar outra galeria e desviar as águas para o Córrego Mandembo, para solucionar o problema. É uma situação crítica que nós temos que trabalhar com carinho.”

Ponte do córrego Bebedouro (Foto: Enio Lourenço)Os recursos emergenciais. Para pontes, asfaltos…

A Prefeitura enviou uma comissão a Brasília, que se reuniu com representantes do Ministério da Integração Nacional. Na reunião, foi protocolado um documento solicitando R$ 8,2 milhões para investimento em obras de infraestrutura na cidade. “O valor é para tudo o que precisa ser feito em Bebedouro, até para impermeabilizar a laje do hospital, que fica inundada quando chove. Só para asfaltar as ruas, o gasto será de R$ 3 milhões – há lugares em que o asfalto estava ruim e piorou com as chuvas. Temos de refazer 65 km de estradas e existem pontes que precisam de manutenção” – diz Feltrin.

Uma dessas pontes fica sobre o Córrego Bebedouro, entre as Avenidas Lourenço Santim e Maria Dias, perto do SAAEB CAP. II. A ponte foi pavimentada com recursos do governo federal, no ano passado, cedeu 50 metros num trecho lateral e abriu outros buracos em sua extensão. O Ministério Público entrou com uma ação contra a empresa que pavimentou a ponte e quer que ela refaça o trabalho, porque na primeira chuva todo o asfalto foi embora.

O (velho) susto aos moradores do Jardim Laranjeira

Há sete anos, o Jardim Laranjeira foi um dos mais afetados pela histórica chuva que devastou Bebedouro e ocasionou duas mortes. A recente tempestade preocupou o professor de educação física Juan Loureiro, de 40 anos, que vive no bairro há um ano e meio. “Sempre ouço histórias da chuva de 2006, quando o Córrego Bebedouro invadiu as casas e muita gente perdeu seus bens materiais.” Este ano houve alagamento na Rua Dr. Honório da Fonseca Castro e Neto. Segundo Juan, o entulho jogado no rio causa as enchentes. “É preciso limpá-lo e afundar o leito para alargá-lo.”

O secretário Feltrin diz que o Córrego Bebedouro é uma prioridade. “Temos de desassoreá-lo em sete quilômetros, pois chuvas acima de 70 milímetros fazem com que a água retorne na direção do lago artificial, que não tem vazão para escoar esse volume. Naquele domingo, choveu 120 milímetros.”