futebol

Torcedores e coletivos lançam movimento por democracia dentro e fora de campo

Unindo esforços, o Movimento Agir pretende articular pautas políticas e demandas específicas do mundo do futebol

Mídia Ninja

‘A gente está vivendo um Estado policial repressor, contra as camadas populares e as torcidas’

São Paulo – Torcidas organizadas, grupos de esquerda, coletivos feministas e LGBT unem esporte e política para resistir aos retrocessos dentro e fora de campo. Lançado oficialmente ontem (18) em São Paulo, o Movimento Agir – Arquibancada Ampla, Geral e Irrestrita congrega torcidas organizadas, ativistas de setores diversos, coletivos feministas e LGBTs com pautas como paz nos estádios, mudança no horário dos jogos, contra a homofobia e o machismo, por exemplo, e que agora pretendem se articular por uma atuação política mais ampla, se opondo ao conservadorismo em andamento no Congresso, sob o governo de Michel Temer.

“Consideramos esse governo ilegítimo. As pautas que estão no Congresso suprimem direitos adquiridos nos últimos anos. Esses diversos coletivos, em articulação democrática e horizontal, resolveram somar forças e articular suas bandeiras específicas em uma agenda comum para participar ativamente das manifestações de rua contra as pautas do governo e contra o governo Temer”, afirma Flávio de Campos, professor do departamento de História da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa sobre Futebol e Modalidades Lúdicas. Ele foi entrevistado pela Rádio Brasil Atual na manhã de hoje (19).

Compõem o Movimento Agir grupos como Ação Antifascista de São Paulo, Celeste Proletária (cruzeirenses), Coletivo Democracia Corinthiana, Comuna Rubro-negra (flamenguistas), Dá Bola pra Elas, Dibradoras, Esquerda Alvinegra (botafoguenses), Futebol, Mídia e Democracia, Inter Antifascista, Laboratório de Estudos sobre Futebol e Esporte (Left), Ludopédio, Movimento Punk Santista, Palmeiras Antifascista, Palmeiras Livre, Pelado Real, Porcomunas, Rede Brasileira de Futebol e Cultura, Rede Paulista de Futebol de Rua, Resistência Azul Popular, Respeito Futebol Clube, São Paulo Antifascista, Teóricos do Futebol e Tricolor Socialista (são-paulinos).

Entre as reivindicações específicas do futebol, o Agir afirma lutar por ingressos mais baratos, pela fim dos jogos às 22h, que causa uma série de transtornos ao torcedor trabalhador, pelo convívio pacífico entre as torcidas e a democratização dos clubes e federações. “No nosso entender, as torcidas organizadas devem fazer festa, vivenciar a rivalidade, mas o inimigo não está na torcida rival. São adversários.”

Já entre as pautas políticas, o movimento é contra o golpe do impeachment que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, e se opõe às pautas regressivas promovidas pelo governo Temer, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que congela os gastos públicos por 20 anos, que representa prejuízos para áreas como saúde e educação, sem qualquer comprometimento do rendimento dos mais ricos.

Também são contrários à reforma da Previdência, que deve elevar a idade mínima para o acesso às aposentadorias, a flexibilização da legislação trabalhista, que, segundo eles, deve aumentar a exploração, além de projetos polêmicos em educação, como a reforma do ensino médio, feita por meio de medida provisória (MP 746), sem diálogo com alunos e professores, e o projeto Escola Sem Partido, que impõe limites ao pensamento crítico e censura a professores.

Segundo o professor Flávio de Campos, o movimento de criminalização das torcidas organizadas têm paralelo com o mesmo tipo de ação de criminalização contra movimentos sociais. “A gente está vivendo um Estado policial repressor, contra as camadas populares e as torcidas”.

Ouça

Leia também

Últimas notícias