São Paulo – Chamado de “A Enciclopédia do Futebol”, o lateral-esquerdo Nilton Santos, que participou de quatro Copas do Mundo e ganhou duas (1958 e 1962), morreu hoje (27), aos 88 anos. Defendeu apenas um clube em sua carreira: pelo Botafogo do Rio de Janeiro, disputou 723 partidas. Foram outras 84 pela seleção brasileira. Ele estava internado desde domingo, com insuficiência respiratória. Também sofria do mal de Alzheimer.

No Botafogo, Nilton Santos foi campeão carioca quatro vezes (1948, 1957, 1961 e 1962), além de conquistar dois torneios Rio-São Paulo (1962-1964). Ele e um companheiro de time, Mané Garrincha (morto em 1983), foram eleitos em uma pesquisa para a seleção de todos os tempos.

Entre as várias histórias que envolvem o nome do lateral, está a da Copa de 1958, quando na estreia, contra a Áustria, desobedeceu as ordens do técnico Vicente Feola, foi até o ataque – naquela época não era comuns laterais passarem do meio de campo – e fez o gol. Um lance lembrado, inclusive, pelo escritor uruguaio Eduardo Galeano em seu Futebol ao Sol e à Sombra.

Já como dirigente do Botafogo, em 1974 acertou um soco no então juiz Armando Marques, que o havia advertido com o dedo em riste. Com o golpe, o árbitro caiu e rolou pela escadaria do túnel do Maracanã.

A certamente mais conhecida é de 1953, quando um jovem conhecido como Garrincha apareceu no Botafogo para fazer um teste. Ponta-direita, teria pela frente um já consagrado Nilton Santos. Segundo a história, Garrincha desmoralizou Nilton, que teria implorado pela contratação do novato. Lenda, disse o jornalista Ruy Castro, autor de biografia sobre o atacante.

Outros atletas daquela geração de futebolistas da seleção bicampeã, em 1958/1962, morreram este ano: o goleiro Gilmar e o zagueiro De Sordi (ambos em agosto) e o também lateral Djalma Santos (em julho).