Faltam dois meses

‘Libération’ decide cobrir a Copa, mas reitera denúncias sobre o torneio

Jornal francês fala em impactos ambientais, direitos humanos e condições de trabalho dos operários

Reprodução
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Charge do 'Libération': nas costas do trabalhador

São Paulo – O tradicional jornal francês Libération anunciou, em editorial, que não vai boicotar a Copa do Mundo de futebol, mas a cobertura deve apontar as mazelas que envolvem a competição. “Defender um boicote hoje parece muito tarde. E irreal”, diz o periódico. Assim, além da competição em si, devem-se examinar “as controvérsias diplomáticas, econômicas, sociais, ambientais”.

A Copa começa em 20 de novembro, um domingo, com a partida entre Catar e Equador, às 13h (horário de Brasília). Na primeira fase, a seleção brasileira enfrenta Sérvia (dia 24), Suíça (28) e Camarões (2 de dezembro). O primeiro e o terceiro jogos serão às 16h e o segundo, às 13h.

Razões para questionar a realização do torneio no Catar não faltam, diz o Libération. O jornal fala em impactos ambientais e desrespeito a direitos humanos, especialmente os das mulheres, sem contar as condições de trabalho dos operários, “a maioria imigrantes”, durante as obras. The Guardian, por exemplo, chegou a falar em 6 mil mortes. Número obviamente contestado pelas autoridades.

De qualquer forma, nem todas as ocorrências estariam especificamente relacionadas à competição esportiva. Informe da Organização Internacional do Trabalho (OIT) fala em 50 mortes em 2020 e mais de 500 feridos com gravidade. Na maioria, migrantes de Bangladesh, Índia e Nepal.

Assim, sem boicote, os dois meses que restam para o início da Copa do Mundo devem ser usados para apuração e cobertura crítica do evento, defende o jornal francês. Sem “lentes cor de rosa”.