Tucanos

Apesar de evidências, Alckmin segue a negar crise de água e violência de sua polícia

'São Paulo tem um sistema forte', diz governador, desconhecendo denúncias de racionamento camuflado. Tucano ignora questões sobre atraso em obras do metrô, atribuído a questões jurídicas e de segurança

Adriana Spaca/Brazil Photo Press/Folhapres

‘O PSDB esteve, está e estará com Aécio’, garante governador de São Paulo na capital

São Paulo – Apesar das evidências em contrário, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), continua dizendo que não há problemas de abastecimento de água na Grande São Paulo, mas culpa o clima pela queda do nível do Sistema Cantareira, que na última medição, ontem, estava em 10,1% (10,5% na sexta-feira).  “Tivemos, não só no Cantareira, mas no Sudeste brasileiro, uma seca em que choveu metade da maior seca dos registros, em 1953″, repetiu. “Mesmo com isso, está e estará garantido o abastecimento de água. São Paulo tem um sistema forte.”

Em entrevista coletiva, o governador citou as obras no Sistema São Lourenço, a 80 quilômetros da capital, como mais uma fonte de recursos hídricos para o abastecimento de água na Região Metropolitana. Mas esse sistema, cujas obras, tocadas por parceria público privada (PPP), foram iniciadas em abril, só deve ficar pronto em 2018.

No domingo (7), a crise no abastecimento de água no estado foi um dos temas na 20ª edição do Grito dos Excluídos, ato político que ocorre no Dia da Independência. Entidades participantes lembraram que o governo Alckmin não investiu no Sistema Cantareira e em novos sistemas para impedir a crise. Há pelo menos 20 anos especialistas apontam para a necessidade de investimentos, mas a gestão da Sabesp optou por garantir a rentabilidade da empresa. De 2005 a 2013, a companhia chegou a R$ 13,7 bilhões em lucros e a um patrimônio líquido de R$ 12,9 bilhões.

Alckmin também foi cobrado sobre atrasos em obras do metrô paulistano, caso das linhas 17-Ouro, que ligará o Morumbi ao Aeroporto de Congonhas, e 4-Amarela. A primeira foi prometida para ficar pronta antes da Copa do Mundo. A segunda, prevista originalmente para ligar a Vila Sônia (zona oeste) à Luz e ser entregue em 2012, até hoje funciona parcialmente.

“A Linha 4 foi a primeira PPP, é a linha mais moderna do país. Entregamos a primeira etapa inteira. Iniciamos a entrega da segunda etapa. Nós somos os maiores interessados em entregar tudo, mas as obras precisam ser feitas cumprindo as medidas de segurança, jurídicas e ambientais”, justificou.

Ainda não foram entregues as estações São Paulo (Morumbi), Vila Sônia, Fradique Coutinho e Oscar Freire da Linha 4. Ambos os projetos são tocados por PPPs.

Em palestra a empresários, Alckmin falou dos investimentos em segurança pública e principalmente do Detecta, software que integra bancos de dados da polícia a partir das câmeras, que foi implementado em Nova York e está sendo adotado pelo governo paulista. Mas, questionado sobre se o desenvolvimento tecnológico seria acompanhado da evolução da própria polícia, considerada violenta pelos movimentos sociais e pelos moradores de áreas periféricas, o governador voltou a rejeitar a pecha. “A polícia de São Paulo é firme e legalista. Temos 120 mil policiais. Se tem algum desvio, a Corregedoria atua imediatamente”, afirmou.

Eleições

Após a palestra, ele foi questionado sobre uma questão político-eleitoral. Um empresário quis saber se, afinal, o PSDB está com o candidato de seu partido, Aécio Neves, ou com Marina Silva (PSB). O vice de Alckmin em sua candidatura à reeleição é o presidente do PSB em São Paulo, Márcio França. “O PSDB esteve, está e estará com Aécio. Só temos um candidato”, respondeu. O vice de Marina, Beto Albuquerque, já apareceu ao lado de Alckmin em propaganda na televisão.

O governador defendeu que o próximo presidente use o capital político de início de mandato para ajudar a emplacar uma reforma política. Para ele, o momento é o primeiro semestre, quando o eleito terá apoio popular e no Congresso. “O Congresso aprovou até o confisco da poupança (em 1990, no governo Collor)”, justificou.

O governador tem defendido que uma reforma política promova a diminuição de partidos. Segundo ele, o número de agremiações que disputam a eleição, 32, é exagerado. “Enfraquece os partidos (representativos), confunde a população e dificulta a governabilidade”, disse.

Questionado sobre por que critica o sistema se sua coligação eleitoral tem 15 partidos, a maioria “nanicos”, despistou. “Deveríamos ter menos partidos, mas com tudo isso ainda não tenho o maior tempo na TV. É estranho esse milagre, você tem o governo e não tem o maior tempo.”