'reorganização'

‘Vindo do Alckmin a gente pode esperar tudo’, diz aluno da escola Fernão Dias

Manifestação de estudantes na Avenida Faria Lima, na manhã de hoje, foi uma reação à estratégia do governo de São Paulo de tratar as ocupações de escolas como “uma guerra”

Código19/Folhapress

Estudante diz que manifestação foi contra ameaça de Alckmin de desocupar as escolas

São Paulo – A manifestação dos estudantes que bloquearam a Avenida Faria Lima no cruzamento com a Avenida Rebouças, na zona oeste da capital, na manhã de hoje (30), foi uma reação à “reorganização” das escolas feita pelo governador Geraldo Alckmin, em São Paulo, mas principalmente à informação de que o governo encara as ocupações (199 até ontem) como “uma guerra”. Sentados em cadeiras, cerca de cem estudantes protestaram simulando uma aula no cruzamento.

“A manifestação foi em relação à última ameaça do Geraldo Alckmin de desocupar as escolas. Ele ameaça de a polícia tirar a galera na base da pancada se não sair por bem, como tentaram ou já fizeram em várias escolas, com porrada, spray de pimenta, gás lacrimogêneo”, diz o estudante do segundo ano do ensino médio Alexander Henrique Buniak, na escola Fernão Dias Paes, em Pinheiros. Os alunos da unidade estavam entre os manifestantes da manhã de hoje.

O governo Alckmin estaria disposto a tratar as ocupações como “uma guerra”, segundo reportagem de Laura Capriglioni e áudio de reunião realizada ontem entre cerca de 40 dirigentes de ensino do estado de São Paulo e Fernando Padula Novaes, o chefe de gabinete do secretário da Educação, Herman Voorwald, O estudante Buniak não acredita que se trata de uma bravata do governo. “Pode acontecer. Vindo do Alckmin, a gente pode esperar tudo.”

De acordo com a reportagem, na reunião de ontem, na antiga escola Normal Caetano de Campos, os dirigentes de ensino receberam instruções de Padula sobre a metodologia para quebrar a resistência de alunos, professores e funcionários que estão em luta contra a reorganização. Na reunião, segundo a matéria, o chefe de gabinete anunciou que o decreto da “reorganização sai na terça-feira (amanhã)”.

Na gravação da reunião, Padula afirma que todos estão “em uma guerra”, que se trata de organizar “ações de guerra”, que “a gente vai brigar até o fim e vamos ganhar e vamos desmoralizar (quem está lutando contra a reorganização)”.

Buniak disse à RBA, no portão da escola Fernão Dias, que o movimento tem o apoio da sociedade. “Ela está apoiando porque a gente está fazendo uma coisa para garantir não os nossos estudos apenas, mas também o futuro. São 94 escolas que o Alckmin quer fechar e tirar ciclos de mais de mil. A gente vai fazer como, vai estudar onde? O nível da educação já não é bom. Fechando vai ficar como? Péssimo.”