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UFABC dá início ao projeto de expansão do campus Santo André

Ordem de serviço já foi aprovada pelo reitor Klaus Capelle

Andris Bovo/ABCD Maior

Klaus Capelle: “Os problemas que a sociedade enfrenta, científicos, tecnológicos, são todos interdisciplinares”

ABCD Maior – Iniciativa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e prestes a completar nove anos em atividade, no próximo dia 11, a Universidade Federal do ABC (UFABC) caminha para a expansão física e acadêmica. A criação de dois novos cursos deve ser avaliada pelo Conselho Universitário ainda neste ano, enquanto a construção de anexo ao campus Santo André, no ABC paulista, já teve a ordem de serviço aprovada pelo reitor Klaus Capelle. “O terreno que chamamos de anexo não é mais uma promessa para o futuro”, anunciou.

Como avalia a atuação da UFABC no ABC paulista nos últimos anos?

Esses nove anos foram uma história de muitas lutas e sucessos. Conseguimos passar de 500 alunos para mais que 13 mil, de 50 professores para 550. Em agosto deste ano chegamos a mil teses de pós-graduação, passamos a ocupar as primeiras colocações nos principais rankings universitários. Ninguém diria, há nove anos, que a UFABC apresentaria esses números e indicadores. Foi também uma história de muitas lutas, não é fácil uma universidade começar do zero e se consolidar academicamente. É um processo que exige muito comprometimento e dedicação, mas tudo indica que está dando certo.

A parceria com agentes externos também cresceu nesses anos?

Temos centenas de convênios com empresas, organizações da sociedade civil, a maioria aqui do ABC. Temos uma parceria com o Consórcio Intermunicipal, que foi um grande passo, pois assim estamos tratando das sete prefeituras de uma vez só. Isso permite pensar em projetos transversais, porque tem muito projeto aqui na região que não para no limite dos municípios, questões de transporte, ambientais, de segurança, economia, nenhum dessas questões está limitada a um único município.

Apesar da pouca idade, a UFABC tem apresentado bom desempenho em diversos rankings de educação, inclusive internacionais. A que atribui esse resultado?

Não tem uma única causa, mas duas causas importantes. Uma é nossa política de contratação, somos muito exigentes nos concursos para nosso corpo docente, contratamos apenas professores com título de doutor e projeto de pesquisa. A segunda é o próprio projeto da universidade, na época, revolucionário. Hoje já tem outras universidades copiando, mas na época fomos os primeiros a fazer bacharelados interdisciplinares.

Por que a interdisciplinaridade deu certo?

Porque o mundo é interdisciplinar. Os problemas que a sociedade enfrenta, científicos, tecnológicos, são todos interdisciplinares, então esse modelo deu certo porque corresponde à realidade.

Como está o debate sobre a criação de novos cursos?

Tem a proposta de uma licenciatura interdisciplinar, que também é uma novidade e vai capacitar o professor a transmitir essa mensagem da interdisciplinaridade já no ensino fundamental. Em paralelo, retomamos o projeto do nosso bacharelado em Artes e Tecnologia, que ficou formalmente suspenso e agora se apresenta como um projeto muito mais maduro.

Podemos falar em prazo para esses novos cursos começarem?

Podemos falar em prazo para a tramitação do curso na universidade. Nossa reitoria trabalha para que os dois cursos sejam submetidos ao Conselho Universitário, que tem a palavra final, ainda em 2015. Essa é uma meta nossa. Não depende apenas de cumprir essa meta, mas temos de colocar metas ambiciosas e gostaria de ter esses dois cursos no Conselho Universitário para deliberação em 2015.

Qual o trâmite após essa deliberação do conselho?

Graduação precisa ser aprovada direto pelo MEC (Ministério da Educação).

Como estão os prazos para concluir os prédios nos campi Santo André e São Bernardo?

Em agosto inauguramos 440 metros quadrados de novos laboratórios no bloco B (Santo André). Esperamos para o futuro próximo, ainda em 2015, entregar o bloco Ômega em São Bernardo, que é para engenharias. Outras obras estão caminhando e nossa visão bastante realista é que agora se mede em meses e não mais em anos. Teremos o bloco C e E, cultural e esportivo, o Bloco L, de pesquisa, em Santo André, e várias obras também em São Bernardo.

Como está o projeto de construção de um anexo na Avenida dos Estados?

Dei a ordem de serviço para iniciar as obras, se você passa pela Avenida dos Estados verá a terraplanagem sendo feita, construção de sistema de drenagem, todos os passos que antecipam a obra em si, muro de contenção, drenagem, tudo está sendo feito, e essa parte será encerrada em 2015. A expectativa é que a obra em si comece em 2016. Aquele terreno que chamamos de anexo não é mais uma promessa. Vamos crescer em quantidade de alunos, professores, cursos, prédios, e não apenas em qualidade.

O que será construído na área?

Terá muita coisa. Temos inclusive que pensar em um outro nome porque anexo passa a impressão de ser uma coisa pequena, e na verdade vamos construir três prédios de grande porte, um para laboratórios didáticos, de pesquisa para as engenharias, principalmente. E infraestrutura complementar com oficina mecânica, almoxarifado de reagentes, um outro para instalações administrativas e o terceiro terá alguns laboratórios especiais que por motivos de segurança têm de ficar afastados dos outros. A passarela que leva para lá também está em fase de projeto.

A UFABC foi afetada pelo corte de verba no MEC em consequência do ajuste fiscal?

Teve um impacto, mas absorvemos da seguinte forma: íamos iniciar em 2015 mais um grande bloco em São Bernardo, o Lambda. Suspendemos esse projeto no mínimo até o ano que vem e usamos os recursos para manter as outras obras no cronograma. O que posso afirmar hoje é que não temos obra da UFABC atrasada por falta de dinheiro.

Quais os desafios da Federal do ABC para o futuro?

De uma forma simples, fazer cada vez mais com cada vez menos. Vamos crescer em quantidade de alunos, professores, cursos, prédios, e não apenas em qualidade. Queremos manter a qualidade, manter nossas excelentes posições nos rankings e subir ainda mais onde é possível subir. Por um lado crescer quantitativamente e qualitativamente, e por outro lado fazer isso em um cenário de não crescimento de recursos.