Redução do analfabetismo representa ‘evolução significativa’, avalia especialista

Programa federal Brasil Alfabetizado pode ser um dos responsáveis pela queda; manutenção do jovem da escola ainda é desafio

São Paulo – A redução do número de adultos que não sabem ler nem escrever no Brasil, apresentada hoje (21) pelo IBGE, representa uma “evolução significativa” na área da educação, de acordo com o coordenador de Educação de Jovens e Adultos da organização não-governamental Ação Educativa, Roberto Catelli. A taxa de analfabetismo entre maiores de 15 anos passou de 9,7% em 2009 para 8,6% em 2011, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad).

“O governo federal vem, nos últimos anos, tentando fazer com que o programa Brasil Alfabetizado tenha melhores resultados e, em uma primeira análise, pode ser este o responsável pela queda”, afirma Catelli. “O Nordeste foi a região onde a taxa mais caiu e é exatamente onde o programa tem maior investimento.”

Segundo o IBGE, 96,1% dos analfabetos têm acima de 25 anos de idade. Entre eles, 60% estão na faixa com mais de 50 anos, somando 8,2 milhões de pessoas. Por regiões, a maior taxa foi encontrada no Nordeste, 16,9%, correspondendo a 6,8 milhões de analfabetos, 52,7% do total. 

Os dados da Pnad mostram um quadro ainda preocupante, ressalta o especialista: a taxa de escolarização dos jovens entre 15 e 17 anos caiu no período analisado, passando de 85,2% para 83,7%. “Os dados reforçam o desafio do país em conseguir universalizar o ensino médio, uma vez que ele se torna obrigatório em 2016. Esse é o maior desafio do país”, diz o coordenador.

“Não vejo os dados com surpresa, porque é exatamente onde temos a maior crise na educação do país. A hipótese é que é seja um reflexo da crise do ensino médio: a escola não oferece efetivas perspectivas para o jovem de baixa renda, seja pela baixa qualidade, seja pela falta de perspectiva profissional.”