São Paulo – Resultado de mobilização dos trabalhadores, a Faculdade 28 de Agosto, criada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, abrirá processo seletivo a partir do próximo dia 20. Será o primeiro vestibular da instituição, que já é reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC), e oferecerá, por enquanto, vagas para o curso de Administração. O projeto pedagógico, de perfil progressista, terá foco na formação em direitos humanos e cidadania.

A diretora-geral da escola, Neiva Ribeiro, diz que a intenção do projeto pedagógico é levar para o ambiente acadêmico os princípios defendidos no dia a dia pelo movimento sindical, como o respeito às minorias, o combate às desigualdades de gênero, raça e orientação sexual, de respeito à organização dos trabalhadores e democratização dos meios de comunicação. “Uma série de questões que a gente discute no sindicato e que gostaríamos também de poder discutir na academia”, ressalta Neiva, em entrevista à repórter Anelize Moreira, da Rádio Brasil Atual.

A graduação em Administração, com quatro anos de duração, terá em sua grade curricular Sociologia, Política, Economia e Estatística. A escolha de abrir a escola com este curso se deu a partir de uma pesquisa diretamente com a categoria bancária. As aulas devem ter início em fevereiro em dois períodos, matutino e noturno. Nesta primeira fase, serão oferecidas 200 vagas. “A gente tem um percentual muito grande de bancários com nível superior, mas nem todos estão preparados para a gestão”, explica o diretor acadêmico, Moisés da Silva Marques.

Longo caminho

A ideia de criar a Faculdade 28 de Agosto começou em 1995, quando o sindicato inaugurou o Centro de Formação Profissional e os bancários começaram a sugerir que o ensino fosse ampliado para cursos superiores mais específicos.

Diferentemente de outras instituições, a faculdade já nasce com vocação para a pesquisa e a difusão do conhecimento. Ainda em 2011, começaram os primeiros estudos sobre o sistema financeiro, o sistema bancário do futuro e as relações de trabalho. “A pesquisa é aquilo que consolida uma universidade, o espírito acadêmico da universidade. Nós estamos trabalhando, já há alguns anos, com pesquisa, e os pesquisadores vão se tornar professores da faculdade”, conta Moisés. O segundo caderno de estudos, que reúne artigos científicos, terá como linha de pesquisa as relações de consumo.

Segundo Neiva Ribeiro, a intenção é “formar um profissional qualificado, mas que tenha uma visão mais humana, que não pense só no mercado, em ganhar dinheiro e passar por cima das pessoas”. Ela lembra que os bancários são a categoria que mais adoece e sofre com pressão para o cumprimento de metas abusivas e assédio moral. “Isso é fruto dessa sociedade em que a gente vive. A academia tem que ajudar a pensar sobre isso. A gente tem que dar a nossa contribuição para ter uma sociedade mais justa.”

De acordo com a diretora-geral, o próximo passo é certificar o curso de Direito, além de uma pós-graduação na área, que seja direcionada para o Direito do Consumidor. “Queremos um curso de Direito que fosse, mais que os outros, voltado para os direitos humanos, para a proteção de minorias, para discutir o mundo do trabalho, o direito do trabalho, que falasse mais sobre sindicalismo”, diz Neiva.

A Faculdade 28 de Agosto fica na rua São Bento, 413, no centro de São Paulo. O valor da mensalidade ainda não está definido, mas, de acordo com o sindicato, “será acessível”, e em breve, divulgado no site da entidade. As inscrições para o vestibular vão de 20 de outubro a 20 de novembro, com taxa de R$ 40. O processo seletivo ocorrerá em 28 de novembro. Para mais informações, acesse o site faculdade28agosto.com.br

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