Cursinho popular organiza ato na USP contra modelo de cotas do Pimesp

São Paulo – A rede de cursinho popular Emancipa realiza protesto no sábado (27) contra o Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp). O ato integra […]

São Paulo – A rede de cursinho popular Emancipa realiza protesto no sábado (27) contra o Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp). O ato integra a programação do “Dia na USP”, evento que reúne estudantes e professores dos cursinhos do Emancipa para conhecer a universidade. “Queremos fazer uma ocupação simbólica da USP. É fundamental que os estudantes de escola publica saibam que a universidade é um direito deles também”, diz a coordenadora da Rede Emancipa, Bianca Boggiani Cruz.

Na quinta edição, o “Dia na USP” organiza um debate sobre o papel da universidade e do vestibular. “A ideia é mostrar como o vestibular funciona como um funil socioeconômico e racial”, diz Bianca. Após o sarau, haverá o ato protesto contra o Pimesp, seguido por um sarau de poesias. As atividades ocorrem na cidade universitária, a partir das 8h30. Alguns convidados para o debate são Chico Miraglia, integrante da Associação de Docentes da USP (Adusp), Silvio Almeida, do Instituto Luiz Gama, e representantes do Diretório Central de Estudantes (DCE) da USP.

Apresentado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 20 de dezembro de 2012, o Pimesp prevê a criação de um curso preparatório semipresencial de dois anos para alunos provenientes de escolas públicas, além de negros, pardos e indígenas que desejem ingressar em uma das universidades por meio do sistema de cotas. Para acessarem o curso, os alunos devem ter boas notas no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e desempenho superior a 70% no exame.  As vagas seriam válidas para USP, Unesp, Unicamp, Fatecs, além das faculdades de Medicina de Marília e Rio Preto.

Movimentos e estudiosos sobre a temática do racismo consideram o Pimesp “segregador”. “Temos mais de dez anos de políticas afirmativas em universidades federais e não tem esse cursinho preparatório. O aluno cotista não tem que ser penalizado com um atraso de dois anos na formação para ingressar em alguma carreira”, diz a coordenadora do Núcleo de Consciência Negra da USP e integrante da Frente Pró-Cotas Estadual, Maria José Menezes. 

Após ser apresentado formalmente pelo governador do estado, o Pimesp está sendo avaliado pelas congregações das faculdades da USP e deve ser rediscutido na próxima reunião do Conselho Universitário, cuja data ainda não foi definida. No dia 12 de abril, as faculdades de Medicina e Direito, além da Escola Politécnica, de engenharia, mostraram-se favoráveis à política de cotas, mas não como propõe o Pimesp.

Na segunda-feira (29), a partir das 14h, haverá uma audiência pública da comissão de Educação, Cultura e Esporte da Câmara Municipal para debater a questão das cotas. “As universidades estaduais paulistas não podem continuar fingindo que nada está acontecendo sobre a inclusão racial. A sociedade está cobrando cada vez mais e elas têm que se posicionar sobre o assunto, mas com um debate feito de forma ampla”, diz Maria José.