Desorganização do ensino

Contra fechamento de escolas por Alckmin, alunos voltam a ocupar a Avenida Paulista

Ato ocorre dois dias após reunião com o secretário Herman Voorwald, que vai manter “reorganização” apesar da rejeição popular. Estudantes repudiam também proposta tucana de reforma do ensino médio

Facebook/Umes

Estudantes criticam o fechamento de 94 escolas no final do ano e a continuidade do desmonte nos próximos anos

São Paulo – Alunos de escolas da rede estadual paulista voltaram a ocupar a Avenida Paulista na manhã de hoje (6) contra o projeto de “reorganização” de Geraldo Alckmin (PSDB), que entre outros prejuízos a professores e estudantes vai fechar 94 escolas. A política já em curso é reprovada por 59% dos paulistanos, conforme pesquisa do instituto Datafolha divulgada no começo da semana.

O ato de hoje, que reuniu cerca de 500 estudantes, foi organizado pela União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes). Na quarta-feira (4), o presidente da entidade, Marcos Kauê, participou de reunião do secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, com representantes do Grito em Defesa da Escola Pública de Qualidade, formado por sindicatos, centrais sindicais, entidades estudantis e movimentos populares contra a reestruturação da rede em curso em todo o estado que, entre outros prejuízos, vai aumentar ainda mais a superlotação das salas.

“Sabemos que existe a disposição da Secretaria Estadual de cortar investimentos na educação. O governo resolveu fechar menos escolas do que o previsto inicialmente por causa da grande mobilização”, diz Kauê.

De acordo com o líder estudantil, é sabida também a intenção de continuar fechando escolas nos próximos anos. “É o caso da escola estadual Padre Saboia de Medeiros, na zona sul, que está sendo impedida de fazer novas matrículas para o primeiro ano do ensino médio para 2016, para ir esvaziando e fechar nos próximos anos.”

Barrados nas escolas

Kauê reclama também das tentativas do governo estadual de abafar as manifestações dos estudantes. A Umes está sendo impedida de entrar em 40% das escolas que visita com a finalidade de se reunir com os grêmios e conversar com os alunos para aumentar a mobilização contra o desmonte da rede estadual.

Sem citar nomes, ele conta que diretores ou vices têm um discurso padronizado. “Ou não podemos entrar porque aquela unidade não será afetada ou porque foram proibidos pela Diretoria de Ensino de permitir a entrada de representantes da Umes”, afirma.

O problema, segundo ele, é que mesmo os estudantes das escolas que não serão fechadas também serão prejudicados. Ou serão transferidos para outras unidades e até mesmo para horários diferentes, ou sofrerão com a superlotação das salas de alunos que virão transferidos.

Reforma do ensino médio

A Umes é contrária também à proposta de Alckmin de mudança curricular do ensino médio, privilegiando disciplinas técnicas numa formação sob medida para os interesses do mercado.

“Este é mais um projeto autoritário, sem discussão, que não ouve os estudantes e que mostra a clara intenção de fugir do problema. Na certa, vão colocar essas disciplinas no lugar daquelas que faltam professor”, afirma Kauê.

Para o estudante, a reprovação aos projetos educacionais de Alckmin deverá crescer a partir do próximo dia 14, que o governo está chamando de Dia E, quando diretores de todas as escolas do estado vão se reunir com os pais para informar o nome da escola para onde seus filhos serão transferidos. “Nesse dia os pais terão consciência da gravidade da medida.”