superlotação

Alunos e educadores contestam medida que aumenta o número de alunos por sala em SP

Resolução do governo Alckmin permite elevar em 10% o número de alunos nas salas de aula, que atualmente já enfrentam superlotação

reprodução/TVT

Para justificar reorganização, governo alegava excesso de vagas. Agora aumenta o limite de alunos por sala

São Paulo – Após o governo de São Paulo publicar, no último sábado (9) resolução que prevê o aumento de até 10% no número de alunos por sala, alunos e educadores apontam que a medida deve acarretar em superlotação e prejudicar a qualidade do ensino.

Durante a greve dos professores do estado no primeiro semestre do ano passado e também nas ocupações das escolas pelos estudantes no final do ano, uma das reivindicações era a diminuição do número de alunos por sala de aula. A nova resolução da secretaria estadual de educação vai na contramão desses movimentos.

De acordo com a reportagem da TV Brasil, os alunos que repõe as aulas perdidas durante a ocupação da escola João Kopke, na região central de São Paulo, veem a mudança com preocupação. “Já está muito alto o número de alunos. Se aumentar ainda, vai ficar como a sala de aula? Não vai ter cadeira para sentar. Já não tem direito, não vai ter mais”, contesta Sérgio Souza Júnior, de 13 anos.

Para o coordenador da ONG Ação Educativa, Roberto Catelli, a nova resolução aparente contrassenso, pois, na tentativa de implementação da reorganização, no ano passado, a justificativa do governo Alckmin era de que estaria sobrando vagas, o que possibilitaria o fechamento de ao menos 94 escolas. “As duas coisas não combinam bem. Quer dizer, se você tinha uma sobra de vagas no ano passado, que justificava o fechamento de escolas, porque então não fazer a resolução diminuindo o número de alunos por sala, e não aumentando?”, questiona o educador.

Roberto afirma ainda que a superlotação compromete o desempenho do professor, pois, segundo ele, em salas com 40, 45 alunos, “o professor deixa de ser alguém que consegue de fato fazer mediação com alunos. Fica até difícil, às vezes, saber o nome do aluno, quanto mais acompanhar a sua aprendizagem.”