desequilíbrio

‘A desigualdade social se perpetua pelas diferentes oportunidades educacionais’

Deputado Raul Marcelo (Psol-SP) destacou que concentração de renda se mantém no país devido ao fato de as crianças mais pobres terem acesso às piores oportunidades educacionais

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Para deputado, a solução seria rever a forma de arrecadação tributária do estado

São Paulo – O deputado estadual Raul Marcelo (Psol-SP) defendeu hoje (16), durante a Conferência Popular de Educação, que a desigualdade social se mantém no país devido ao fato de as crianças mais pobres terem acesso às piores oportunidades educacionais, tanto nas escolas como nas famílias, que muitas vezes não têm hábitos para leitura e acompanhamento das atividades escolares.

“O capital cultural está concentrado. A desigualdade se perpetua no conhecimento. A criança que vem de uma família em que não há livros em que não vê os pais lendo o jornal ou debatendo algo terá mais dificuldade na escola”, disse o deputado durante uma das mesas da conferência. “No final, quem tem a melhor educação tem os melhores empregos com os melhores salários. Quem não terá um trabalho que só demanda força bruta. É um ciclo infinito.”

No entanto, são justamente os mais pobres que pagam mais impostos proporcionalmente, principalmente o ICMS, principal fonte de financiamento da educação paulista, sobretudo das universidades estaduais, como disse o deputado. A solução seria justamente rever a forma de arrecadação tributária.

“Diante de uma queda real no orçamento o governo do estado tinha diversas possibilidades. A principal delas era rever sua base tributária, que está calcada no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e que é um imposto injusto, que contribui para a concentração de renda, porque o pobre paga mais. Quem compra um copo de água mineral paga 18% de ICMS tanto renda alta ou baixa”, destacou.

A conferência, organizada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), segue até amanhã (17), a partir das 9h, na Praça da República, no centro da capital. Professores, alunos, pais e representantes de movimentos sociais e sindicatos se reúnem desde terça-feira para debater temas como condições de trabalho e aprendizagem nas escolas públicas, financiamento da educação e valorização dos profissionais da educação.

Outro tema discutido na tarde de hoje foi saúde na escola. “Na escola, os jovens adquirem atitudes de prevenção de doenças que reproduzem em suas casas. Neste momento, estamos vivendo novas epidemias, que dizem respeito à forma como vivemos, trabalhamos, namoramos e comemos”, ressaltou o secretário municipal de Saúde, Alexandre Padilha.

“De cada dez leitos de UTI nos hospitais do município seis estão ocupados por vítimas de violência urbana e acidentes de trânsito”, disse Padilha. “A obesidade também é um problema que atinge 30% das crianças e que causa diabetes e doenças cardíacas. A escola é o lugar para falar sobre alimentação saudável e sobre a importância da atividade física.”