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Professora da rede estadual é primeira vítima da covid-19 na volta às aulas em São Paulo

Apeoesp responsabiliza Doria e o secretário da Educação pela morte da professora por covid-19 e já registrou 851 casos em professores e outros trabalhadores

Reprodução/Facebook
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A professora Maria Tereza tinha 32 anos e é a primeira vítima confirmada da volta às aulas obrigatória em São Paulo

São Paulo – A volta às aulas presenciais obrigatórias, em meio ao agravamento da pandemia de covid-19 em São Paulo, fez sua primeira vítima: a professora Maria Tereza Miguel Couto de Lourenço, de 32 anos, que dava aulas na escola estadual de tempo integral Ministro José de Moura Rezende, em Caçapava, no interior, morreu sábado (20) em decorrência da covid-19. Dois dias antes, a mãe dela também morreu. A morte da professora ocorre em meio a uma explosão de casos de covid-19 nas escolas públicas e privadas, contaminando estudantes, professores e outros trabalhadores da educação, dias antes de completar um mês do início do processo de retomada das atividades.

A professora Maria Tereza participou das atividades de planejamento da volta às aulas, iniciadas em 26 de janeiro. Já naquele momento os professores denunciaram o alto risco de contaminação pela covid-19: salas com pouca ventilação, algumas delas lotadas, o álcool gel 70% disponível estava vencido, muitas escolas ainda estavam em reforma e não tinham banheiros disponíveis, entre outros problemas.

As aulas na rede pública estadual tiveram início duas semanas atrás, no dia 8. Nas fases vermelha e laranja da quarentena, a presença dos estudantes não é obrigatória. Já os professores são obrigados a ir em qualquer situação.


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Desde o final de janeiro, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) vem registrando casos confirmados de covid-19 entre professores e outros trabalhadores da educação na rede pública. Segundo a entidade, já são 851 casos confirmados, em 456 escolas. Oficialmente, o governo João Doria (PSDB) registrou 741 casos confirmados e 1.133 casos suspeitos, nas redes públicas e privada, até o último dia 17.

A presidenta da Apeoesp, a deputada estadual Professora Bebel (PT), manifestou tristeza e indignação sobre a morte de Maria Tereza. “Quantos contágios e quantas mortes mais terão que ocorrer para que cesse essa insanidade de volta às aulas presenciais? Hoje foi essa colega, amanhã poderá ser qualquer professor ou professora, obrigados a trabalhar em escolas sem estrutura para garantir a sua segurança”, disse Bebel.

O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, lamentou a morte da professora, mas acusou a Apeoesp de fazer “ato político” com o caso.

“Sua insensatez está matando, senhor secretário. Isso é mais uma mentira. Quem tomou a decisão de manter escolas abertas não foi a Apeoesp. E quem faz luta política com vidas humanas não é a Apeoesp. Mas quem se preocupa com a saúde e a vida dos profissionais da educação é, sim, a Apeoesp. Rossieli teve inúmeras chances de fazer diferente. Não fez porque não tem estatura para ocupar o cargo de Secretário de Estado da Educação. Seu lugar será sempre o lixo da história”, respondeu Bebel.


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Hoje, o estado bateu o recorde de pessoas internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) com covid-19. São 6.387 pessoas nessa situação. O recorde anterior havia sido registrado em 14 de julho de 2020: 6.173 pacientes.

Após leve queda nas internações diárias, que levou o governo Doria a afrouxar medidas mais rígidas antes de qualquer efeito real, 10 das 17 regiões do estado têm tendência de alta no indicador. Apenas ontem, foram registradas 1.667 novas internações no estado e 849 na Grande São Paulo, a pior situação nas últimas quatro semanas. E que bate com o período de volta às aulas em São Paulo.

O agravamento da pandemia de covid-19 levou a prefeitura de São Bernardo do Campo, no ABC, a suspender as reuniões de pais e retirada de kits escolares agendadas para os próximos dias e adiar a volta às aulas prevista para 3 de março por tempo indeterminado. O comunicado foi feito hoje (22).