dia de votação

CPI da Merenda tem tensão entre deputados e forte aparato policial

Viaturas no entorno da Assembleia Legislativa, policiais em todos os andares e até veículos da Tropa de Choque estão no local para evitar protestos de estudantes

rba

Aparato policial foi convocado para intimidar manifestações contra manobras da base de Alckmin

São Paulo – A reunião de hoje (23) da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura pagamento de propina em contratos da merenda escolar do governo Geraldo Alckmin (PSDB) começou tensa e sob forte aparato policial. Viaturas no entorno da Assembleia Legislativa, policiais em todos os andares e até veículos da Tropa de Choque estão no local para evitar protestos de estudantes. Além disso, a pauta prevê a votação de 46 requerimentos de convocação ou pedido de informação, cuja maioria deve ser rejeitada. A situação foi motivo de forte discussão entre os deputados.

Para a oposição, a base aliada do governador quer esvaziar a CPI e encerrar os trabalhos sem aprofundar as investigações sobre revelações de depoimentos de ex-assessores do presidente da Assembleia, deputado Fernando Capez (PSDB), e do lobista da Cooperativa Orgânica da Agricultura Familiar (Coaf) Marcel Ferreira Júlio. “Vemos aqui uma movimentação para liquidar a CPI sem que seja dada oportunidade de esclarecer aspectos ainda obscuros da investigação. O ponto principal é descobrir para onde foi o dinheiro da propina paga pela Coaf”, afirmou Alencar Santana (PT), único membro da oposição na comissão.

Além da colocação em votação de requerimentos que foram apresentados em vários momentos diferentes, há requerimentos propostos para anular outros que já foram aprovados. Entre eles a convocação do ex-secretário da Educação Herman Voorwald. Os pedidos de acareação entre Marcel, Jeter Rodrigues, José Merivaldo e Luiz Carlos Gutierrez, o Licá, todos ex-assessores de Capez também estão na lista, mas devem ser rejeitados.

Com Jeter, a investigação encontrou movimentação suspeita de R$ 122 mil, em 2015, ano em que a propina teria sido paga. Além disso, a Justiça também encontrou outros R$ 500 mil em movimentações financeiras de origem não declarada, com José Merivaldo, outro ex-assessor de Capez.

Para o deputado Barros Munhoz (PSDB), não há motivo para convocar essas pessoas. “Estamos perdendo tempo aqui. Não precisamos ficar brincando de investigar. Ja está claro quem cometeu crimes”, afirmou. Porém, um dos requerimentos pede a convocação do ex-presidente da Assembleia Leonel Júlio, que não foi ouvido, mas que disse ao Tribunal de Justiça paulista que Capez conhecia, sim, Marcel e Jeter que ambos atuavam na campanha dele.

Os deputados foram para uma sala reservada para tentar um acordo sobre os requerimentos. Além disso, serão ouvidos hoje o ex-presidente da Coaf Cássio Chebabi e a ex-servidora da Secretaria da Educação Vanessa Lázaro.

Mais cedo, estudantes presentes protestaram contra o que consideram a finalização precoce da CPI. O presidente da comissão, Marcos Zerbini (PSDB), disse que não vai tolerar protestos e que deputados que ajudarem os estudantes serão denunciados ao Conselho de Ética da casa. Ele disse que na semana anterior um deputado auxiliou um estudante retirado pela polícia da galeria a entrar no plenário.