Movimento estudantil

PM desocupa reitoria da USP; alunos saem sem resistir

Em nota, DCE lamentou o uso da força policial no espaço universitário

© Mauricio Camargo/Eleven/Folhapress

Soldados da PM paulista foram enviados para desocupar a reitoria da USP. Estudantes lamentam disposição para a violência

São Paulo – A Tropa de Choque da Polícia Militar cumpriu na madrugada de hoje (12) a reintegração de posse da reitoria da Universidade de São Paulo (USP), ocupada há 42 dias, seguindo ordem judicial expedida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo na segunda-feira da semana passada (4). Não houve resistência dos estudantes.

Ainda assim, duas pessoas foram presas. Segundo o Diretório Central dos Estudantes (DCE), elas não faziam parte do grupo que ocupava a reitoria. “Foram detidas duas pessoas por estarem na torre da Praça do Relógio no momento da reintegração”, alertou a instituição, em nota no site de relacionamentos Facebook.

Ao todo, 250 policiais da Tropa de Choque e dois carros do Corpo de Bombeiros cercaram o prédio e a reintegração ocorreu por volta das 5h30, sem resistência.

A ocupação ocorreu em 1º de outubro para reivindicar o direito de participar do processo de seleção do novo reitor, com voto direto e paritário, sem a atual lista tríplice, pela qual o governador Geraldo Alckmin (PSDB) pode contrariar a escolha da universidade e indicar um reitor entre três selecionados.

Em nota no Facebook, o DCE condenou a ação da polícia, considerada “uma demonstração de autoritarismo e truculência inadmissível no interior de um espaço universitário”.

“Não admitimos o uso da força policial na universidade. A mesma força que cotidianamente leva a existências de Amarildos e Douglas pelo Brasil. Não admitimos o golpe de (João Grandino) Rodas (reitor da USP) em um suposto processo de negociação que se fez em curso. Reafirmamos a necessidade da luta por democracia na universidade, da unidade dos estudantes e da resposta política à situação”, continua o texto.

A reitoria teve o primeiro pedido de reintegração de posse negado pela Justiça paulista. A direção da universidade propôs, no último dia 31, a convocação de um congresso interno (com alunos, professores e funcionários) para elaborar um novo estatuto para a instituição. O documento que rege a USP é de 1988, mas muitas cláusulas vêm do estatuto anterior, de 1972, período da ditadura. Pela proposta, o processo teria início em maio de 2014.