Dois dígitos

Taxa de juros tem oitava alta seguida e vai ao maior nível em cinco anos

Agora, Selic chega a 10,75%. Inflação continua “surpreendendo negativamente”, diz comunicado

Leonardo Sá/Agência Senado
Leonardo Sá/Agência Senado
Em menos de um ano, Selic saiu de 2% para 10,75%

São Paulo – A taxa básica de juros (Selic) subiu 1,5 ponto percentual, em alta esperada pelo “mercado”, para 10,75% ao ano, conforme decisão unânime anunciada no início da noite desta quarta-feira (2) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central. Foi a oitava elevação seguida. Com isso, os juros voltam ao patamar de dois dígitos pela primeira vez desde julho de 2017. E devem continuar subindo.

Nessa sequência de altas, iniciada em março de 2021, a Selic saiu de 2% para, agora, 10,75% ao ano. Isso não impediu o contínuo aumento da inflação ao longo do ano passado, fechando acima dos 10%. Ainda que não suba tanto neste ano, a expectativa é de que continue alta e bem acima do centro da meta (3,50%). As projeções, por enquanto, estão em torno de 5,5%. Além de não conter a inflação, o juro mais alto encarece o crédito e prejudica a atividade econômica.

“A inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente”, disse o Copom em comunicado divulgado logo após o término da reunião. O Comitê do BC acredita que a taxa básica pode chegar a 12% neste semestre.

“No cenário externo, o ambiente segue menos favorável”, afirmou ainda o Copom. “A maior persistência inflacionária aumenta o risco de um aperto monetário mais célere nos EUA, tornando as condições financeiras mais desafiadoras para economias emergentes. Além disso, a nova onda da Covid-19 adiciona incerteza quanto ao ritmo da atividade, ao mesmo tempo que pode postergar a normalização das cadeias globais de produção.”

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