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Taxa de desemprego se mantém estável, mas com tendência ascendente

Segundo pesquisa, número de desempregados na Região Metropolitana de São Paulo ficou em 1,537 milhão, 23 mil a mais do que no mês passado

Arquivo/Agência Brasil

Segundo pesquisa, indústria de transformação perdeu 41 mil postos de trabalho de julho a agosto

São Paulo – Apesar de a taxa de desemprego na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) ter ficado relativamente estável – com oscilação de 13,7%, em julho, para 13,9% em agosto –, a Pesquisa de Emprego e Desemprego, divulgada hoje (30) pelo Dieese e pela Fundação Seade não é boa para o trabalhador, considerando inclusive a conjuntura político-econômica. Em agosto do ano passado, a taxa era de 11,3%. O número de desempregados na região ficou em 1,537 milhão, diz a pesquisa, ou 23 mil pessoas a mais do que em julho.

“Os resultados não são bons porque vêm numa tendência de decréscimo no nível de ocupação durante o ano. No mês, o resultado ficou estável, mas com movimento ascendente”, diz Alexandre Loloian, coordenador da PED e técnico da Fundação Seade.

Segundo as estimativas, o número de ocupados na Região Metropolitana de São Paulo caiu de 9,535 milhões para 9,517 milhões de julho para agosto. Em agosto de 2014, o total de ocupados era de 9,773 milhões, permanecendo “relativamente estável” (-0,2%).

Segundo Loloian, o rendimento dos ocupados, que vinha garantindo nos últimos anos a âncora do nível de atividade, vem caindo muito fortemente. “Pelas minhas contas, comparando o poder de compra dos rendimentos dos ocupados da Região Metropolitana de São Paulo de janeiro a julho de 2014 com janeiro a julho de 2015, tivemos perda de mais ou menos R$ 10 bilhões nesse poder de compra. É muita coisa, considerando que a inflação é de 8 a 9% e isso desgasta ainda mais o poder de compra dos salários.”

A pesquisa mostra que na comparação de agosto com julho houve reduções na indústria de transformação (-2,7%, com eliminação de 41 mil postos de trabalho), na construção (-1,6%, -11 mil) e nos serviços (-0,5%, -30 mil), “praticamente compensadas pelo aumento no comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (4,3%, ou geração de 73 mil postos de trabalho)”, diz a pesquisa.

Entre junho e julho de 2015, os rendimentos médios reais de ocupados caíram 2,4% e dos assalariados, 1,6%.

Para o analista, a redução dos índices mostra o círculo vicioso de menos vendas, produtos em estoques, menos atividade e desemprego.

Até mesmo a desvalorização do real, vista como indicativa pelo menos de um fator positivo, o crescimento das exportações, é um dado que precisa ser analisado com cuidado. “A forte desvalorização do real é muito instável, as empresas não têm muita confiança na manutenção do valor do câmbio”, diz Loloian.

Para ele, é necessário uma desvalorização, mais ou menos no patamar em que já aconteceu, mas com garantias de estabilização. “Que varie, mas numa margem aceitável, não 10%, 20% como está ocorrendo.”

Diante da conjuntura de ajuste fiscal e a introdução de mudanças no padrão de financiamento do setor público com redução de gastos, o financiamento da atividade econômica pelos órgãos públicos também está momentaneamente descartada como fator de incentivo ao crescimento, observa Loloian.