Retração

Maior procura e menor oferta fazem crescer desemprego em SP em 2015

Taxa foi a maior desde 2009. Número de desempregados cresce 24%, para 1,463 milhão. Diminuição do poder de compra fez massa de rendimentos na região metropolitana perder R$ 20 bilhões no ano

memória/ebc

Variação negativa na ocupação é a maior desde 1995

São Paulo – Com mais gente à procura de trabalho e menor oferta de vagas, o desemprego cresceu na região metropolitana de São Paulo em 2015 para o maior nível desde 2009, com outros sinais negativos, como a retração do mercado formal e a queda na renda: a massa de rendimentos perdeu o equivalente a R$ 20,4 bilhões no ano passado. A taxa média de desemprego subiu de 10,8%, em 2014, para 13,2% – um crescimento de 22%, que não se verificou nos últimos 20 anos na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada hoje (27) pela Fundação Seade e pelo Dieese.

O número de desempregados foi estimado em 1,463 milhão, 23,8% a mais do que em 2014 – como o acréscimo de 281 mil pessoas nessa condição. Esse aumento pode ser creditado quase que igualmente entre a população economicamente ativa e a ocupação. A PEA subiu 1,3%, com 144 mil a mais, enquanto o total de ocupados caiu 1,4%, 137 mil a menos. A variação negativa no nível de ocupação foi a maior desde 1995.

Outro dado negativo da pesquisa foi a retração do mercado formal de trabalho, o que não acontecia desde 2002. O emprego com carteira assinada recuou 0,7% de 2014 para 2015, com fechamento de 36 mil vagas. O emprego sem carteira caiu ainda mais, 10,5%, o equivalente a menos 89 mil postos de trabalho. O de autônomos cresceu 1,1% (17 mil). Em 2008, o emprego formal chegou a crescer 9% e em 2010, 7%.

Entre os setores, a indústria de transformação eliminou 71 mil vagas (-4,4%), com retração concentrada no setor metal-mecânico: -10,6% (menos 70 mil). O emprego caiu 8% na construção civil (perda de 59 mil). O comércio cresceu 2,1%, abrindo 35 mil postos de trabalho, mas o coordenador de análise do Seade, Alexandre Loloian, observa que a base de comparação é ruim, porque 2014 não foi um bom ano para o setor.

Os serviços, que vinham sustentando o emprego, fecharam 31 mil vagas (-0,6%). O único segmento com alta (4%, ou mais 43 mil ocupações) foi o de alojamento/alimentação, artes, cultura, esporte e recreação, que inclui lanchonetes, restaurantes, viagens e atividades de lazer. Uma área que deve sofrer mais este ano, diz Loloian, por causa da redução do poder de compra.

Dificuldades

E o rendimento é justamente “a grande má notícia” de 2015, avalia o técnico do Seade. A queda na renda média (de janeiro a novembro) dos ocupados foi de 7,7% em relação ao ano anterior, de R$ 2.137 para R$ 1.972. A pesquisa registra queda em quase todos os segmentos, com exceção do emprego doméstico (1%), o de menor remuneração. A massa de rendimentos caiu 8,8%, o equivalente a R$ 20,4 bilhões.

O único dado levemente positivo é a manutenção de uma tendência, iniciada em 2005, de melhor distribuição da renda, que ainda assim segue muito concentrada na região metropolitana. No ano passado, os 50% dos ocupados de menor renda ficaram com 24,1% da massa de rendimentos, ante 22,9% em 2014. Os 10% mais ricos passaram de 35,6% para 33,9%.

Tudo indica que este ainda será um ano difícil, afirma Loloian, com a taxa média de desemprego podendo chegar a 15% ou 16%. Uma procura menos ou mais intensa por trabalho dependerá, em parte, “dos sinais que a população receber do mercado, dos vizinhos, dos meios de comunicação”. Alguns setores industriais poderão ter algum dinamismo em 2016, por causa da desvalorização do real, o que em alguma medida deve impulsionar a exportação.

  • Desemprego sobre nas quatro regiões pesquisadas

Dezembro e IBGE

No último mês do ano, a taxa de desemprego ficou em 13,9%, ante 14,1% em novembro, “em movimento típico para o período”, segundo o Seade e o Dieese.

Amanhã (28), o IBGE divulga os resultados de dezembro e de 2015 de sua Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que não é comparável à PED.

 

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