Estagnação

Produção industrial segue estável no ano. Para analista, juros altos inibem investimento

Mesmo com dois meses positivos, o setor industrial ainda se encontra 1,6% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 18,1% abaixo do nível recorde, alcançado em maio de 2011

Reprodução/CNI
Reprodução/CNI

São Paulo – A produção industrial ficou praticamente estável (0,1%) de agosto para setembro, e teve alta de 0,6% em relação a igual período de 2022. De acordo com os dados da pesquisa divulgada nesta quarta-feira (1º) pelo IBGE, a tendência de estabilidade prevalece no acumulado do ano (-0,2%) e em 12 meses (0%).

“O resultado de setembro marca o segundo mês seguido de crescimento, mas não altera o comportamento de menor dinamismo que a caracteriza nos últimos meses”, comenta o gerente da pesquisa, André Macedo. Segundo ele, mesmo com dois meses positivos, o setor industrial ainda se encontra 1,6% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 18,1% abaixo do nível recorde, alcançado em maio de 2011.

“Em linhas gerais, taxa de juros elevada, mesmo com o movimento de redução verificado nos últimos meses, nos ajuda a entender esse comportamento do setor industrial, com influência direta sobre as decisões de investimento, por parte das empresas, e de consumo, por parte das famílias. Para além disso, explica o crédito ainda caro e as elevadas taxas de inadimplência”, acrescenta o analista. O Comitê de Política Monetária (Copom) anuncia hoje à noite a nova taxa de juros.

Setor de alimentos cresce, automobilístico cai

Assim, na comparação mensal, só uma das quatro categorias econômicas e cinco dos 25 ramos pesquisados registraram crescimento. A principal influência positiva veio do setor extrativista: alta de 5,6%. O segmento de produtos químicos avançou 1,5%. Entre as quedas, o IBGE destaca produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-16,7%), máquinas e equipamentos (-7,6%) e veículos automotores (-4,1%).

Em relação a setembro de 2022, a pesquisa mostra resultado positivo em duas das quatro categorias econômicas, 10 dos 25 ramos, 28 dos 80 grupos e 38,8% dos 789 produtos pesquisados. O segmento que inclui coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis cresceu 11,3%, além de indústrias extrativas (9,1%) e produtos alimentícios (6,7%). Por outro lado, registraram queda os segmentos de veículos automotores, reboques e carrocerias (-15,8%) e máquinas e equipamentos (-12,4%).

Além disso, de janeiro a setembro o instituto apurou resultados negativos em duas das quatro categorias econômicas, 17 dos 25 ramos, 52 dos 80 grupos e 56,8% dos 789 produtos pesquisados. Entre as principais influências negativas, produtos químicos (-7,2%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-5,8%) e máquinas e equipamentos (-6,9%).

O setor extrativista cresce 6% no ano. Outro destaque são coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4,8%) e produtos alimentícios (3,9%), além de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (6,4%).