Atividade fraca

Produção industrial fecha ano ainda em alta, mas perde fôlego e não recupera perdas

Segundo o IBGE, o crescimento se concentrou no primeiro semestre, sobre uma base “depreciada”. No segundo, a atividade caiu. E segue distante do recorde, registrado em 2011

Fernando Ogura/AEN-PR
Fernando Ogura/AEN-PR
Setor automobilístico cresceu em 2021, mas o IBGE lembra que a produção havia despencado no ano anterior

São Paulo – A produção industrial fechou o ano com alta de 3,9%, mas a atividade mostrou oscilação, caiu no segundo semestre e segue abaixo do nível pré-pandemia. Foi o primeiro resultado positivo nos três anos do atual governo, mas a produção está abaixo de fevereiro de 2020 (-0,9%) e distante (-17,7%) do recorde da pesquisa do IBGE, registrado em maio de 2011.

“Em 2021, houve uma característica decrescente ao longo do ano, uma vez que houve ganho acumulado de 13% no primeiro semestre e, posteriormente, o setor industrial mostrou redução de fôlego”, diz o gerente da pesquisa, André Macedo. “Os resultados positivos dos primeiros meses do ano tinham relação com uma base de comparação muito depreciada, já que em 2020 houve perdas bastante intensas para a indústria”, acrescenta.

Demanda interna e inflação

Já no segundo semestre, com base de comparação mais elevada, a atividade caiu 3,4%, lembra o IBGE. “Além disso, há os reflexos da pandemia no processo produtivo, como o encarecimento dos custos de produção e falta de matérias-primas, e também, pelo lado da demanda doméstica, inflação em patamares mais elevados e o mercado de trabalho que, embora tenha mostrado algum grau de recuperação, ainda é muito caracterizado pela precarização das condições de emprego, com pagamento de salários menores”, aponta Macedo.

No ano, o instituto registrou resultado positivo em três das quatro categorias econômicas, 18 das 26 atividades, 50 dos 79 grupos e 62,4% dos 805 produtos pesquisados. O IBGE destaca o crescimento de veículos automotores, reboques e carrocerias (20,3%), máquinas e equipamentos (24,1%) e metalurgia (15,4%).

Custos de produção

“É um ano em que a indústria cresce sobre um período de muita perda. Essa também é uma característica da atividade de veículos automotores, que em 2020 teve acumulado no ano de -27,9%.” O pesquisador fala em “desarticulação” das cadeias produtivas. “Além do encarecimento dos custos de produção, houve desabastecimento das plantas industriais, caracterizada pela falta de insumos e peças para a geração do bem final. A produção dos automóveis ficou marcada pelas paralisações das plantas industriais ao longo de 2021”, observa o gerente.

O segmento de produtos alimentícios caiu 7,8% no ano. Cresceu nos dois últimos meses de 2021, mas segue 4,1% abaixo do patamar anterior à pandemia.

Na comparação entre dezembro de 2021 e de 2020, a produção caiu 5%. O setor de metalurgia, por exemplo, recuou 13,9%, e o de produtos de borracha/material plástico, 19,9% Entre as altas, a atividade que reúne coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis cresceu 3,4%.


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