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Produção industrial estaciona em março e desaba no primeiro trimestre

Setor automobilístico cresceu em março, aponta IBGE, mas cai 10% na soma dos três primeiros meses de 2022

Rodrigo Felix Leal/AEN-PR
Rodrigo Felix Leal/AEN-PR
Para analista, setor sente pressão de custos e escassez de matérias-primas

São Paulo – A produção industrial praticamente não avançou de fevereiro para março (0,3%), segundo os dados do IBGE, que divulgou a pesquisa do setor na manhã desta terça-feira (3). Na comparação com março do ano passado, a atividade cai 2,1%. No primeiro trimestre, em relação a igual período de 2021, o tombo é ainda maior, de 4,5%. Em 12 meses, ainda sobe (1,8%), mas o instituto observa que essa alta anualizada vem “reduzindo sua intensidade de crescimento” desde agosto.

No mês, o IBGE destaca as atividades de veículos automotores, reboques e carrocerias (crescimento de 6,9%), outros produtos químicos (7,8%), bebidas (6,4%) e máquinas e equipamentos (4,9%), entre outras. Tiveram queda produtos alimentícios (-1,7%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,1%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-8,4%).

Ante março de 2021, que teve um dia a mais, a indústria teve resultados negativos em três das quatro categorias, 17 dos 26 ramos, 55 dos 79 grupos e 60,1% dos 805 produtos pesquisados. As principais influências negativas vieram de produtos de borracha e de material plástico (-14,5%), produtos de metal (-15,9%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-20,8%), além de produtos têxteis (-17,7%). Entre as que tiveram resultado positivo, estão , de outros produtos químicos (8%) e bebidas (12%).O setor de veículos automotores cresceu 2,5%.

Pressão de custos

Já no trimestre, segundo o IBGE, a atividade foi menor em 22 dos 26 ramos, 56 dos 79 grupos e 65,6% dos 805 produtos. Assim, nessa comparação, a indústria automobilística caiu 10,2% e a de produtos de borracha e material plástico recuou 16,3%. Tabém registram queda produtos de metal (-16,2%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-18,6%), entre outros setores. A indústria de coque e derivados cresceu 5,4% e a de produtos alimentícios, 2,4%.

O gerente da pesquisa, André Macedo, aponta “questões complicadoras na oferta, que é algo mais global, afetado pelo mercado internacional, e na demanda doméstica”. Segundo ele, as fábricas ainda refletem o aumento dos custos de produção e sentem a escassez de matérias-primas. “Além disso, a inflação vem diminuindo a renda disponível e os juros sobem e encarecem o crédito. Também o mercado do trabalho, que apresenta alguma melhora, ainda mostra índices como uma massa de rendimentos que não avança.”

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