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Petrobras avança para retomar refinaria privatizada por Bolsonaro

Petroleiros voltam a denunciar demissões, enquanto fundo árabe negocia a venda de parte da Refinaria de Mataripe (ex-Rlam) e outras parcerias

Divulgação/Acelen
Divulgação/Acelen
Federação Única dos Petroleiros (FUP) classifica como "absurda" a dispensa de pessoal próprio e terceirizado na Refinaria de Mataripe

São Paulo – A Petrobras informou na última sexta-feira (15) que avançou nas tratativas para retomar participação nas operações da Refinaria de Mataripe, antiga Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia. As tratativas com o fundo Mubadala Capital também envolvem o desenvolvimento de uma biorrefinaria integrada.

A estatal vai iniciar a fase de avaliação dos negócios, a qual abrangerá a due diligence (diligência prévia) dos ativos. E também analisa os modelos para cada negócio. Ao mesmo tempo, também vai discutir o escopo dos potenciais investimentos futuros e desenvolvimento de novas tecnologias em conjunto com o Mubadala Capital.

A biorrefinaria em discussão tem capacidade projetada de 20.000 barris por dia. A instalação contempla uma planta de produção de diesel renovável e querosene de aviação sustentável a partir de óleo vegetal oriundo de culturas nativas, com operações nos estados da Bahia e Minas Gerais.

Ao mesmo tempo, a Petrobras estuda retomar o controle da Refinaria de Mataripe. Uma das hipóteses é recomprar do Mubadala ao menos 51% das ações referentes à unidade. A estatal afirmou, no entanto, que não assinou qualquer documento vinculante sobre a parceria com o fundo árabe até o momento.

A privatização da Rlam, segunda maior do país, ocorreu em 2021, durante o governo Bolsonaro. Assim, a unidade passou ao controle da Acelen, empresa do fundo Mubadala. O fundo árabe desembolsou US$ 1,8 bilhão, menos da metade do valor da refinaria.

Além de GLP, gasolina, diesel e lubrificantes, a refinaria é a única produtora nacional de food grade, uma parafina de teor alimentício utilizada para fabricação de chocolates, chicletes, entre outros, e de n-parafinas, derivado utilizado como matéria-prima na produção de detergentes biodegradáveis.

FUP de olho

Em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que acompanha com atenção os movimentos da Petrobras. “Estamos acompanhando de perto essa negociação, inclusive as demissões que a Acelen vem promovendo enquanto a Petrobras negocia a volta da empresa ao controle”, afirmou o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

“A dispensa de pessoal é absurda, não faz sentido, precisaremos de mão de obra qualificada e a ideia é não só a retomada, mas também o crescimento da Petrobras na região, com a criação da biorrefinaria”, alertou.

Há cerca de duas semanas, os petroleiros realizaram uma paralisação contra as demissões na refinaria. Até o momento, a Acelen demitiu ao menos 200 trabalhadores, entre próprios e terceirizados. Além disso, a FUP também defende que os trabalhadores transferidos durante o processo de privatização tenham a opção de retornar à unidade, caso a Petrobras efetive a retomada do controle da refinaria.