Influências

Mantega atribui PIB a câmbio, inflação e fatores externos

Segundo ministro, o aumento da inflação e crédito caro e escasso afetaram o consumo das famílias; seca afetou desempenho da agricultura

Arquivo ABR

Mantega disse que o país tem recebido forte investimento internacional direto

Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, atribuiu à volatilidade cambial, aumento da inflação e crédito escasso para o Produto Interno Bruto (PIB) ter crescido 0,2% no primeiro trimestre do ano, conforme divulgado hoje (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o ministro, no primeiro trimestre, houve aumento da inflação, subindo em fevereiro e março, o que afetou o consumo das famílias, além do crédito caro e escasso. “Embora a massa salarial tenha crescido e o número de empregados e salário venha aumentando, o crédito está mais escasso. E a inflação, principalmente para os alimentos, diminuiu o consumo das famílias”.

A expectativa de Mantega é que a inflação no país caia nos póximos meses. “A inflação vai ser bem menor no segundo trimestre, o que significa devolver poder aquisitivo para as famílias e consumidores. A volatilidade internacional também deve cair e isso gera uma calmaria no mercado cambial e bolsas de valores.”

De acordo com o ministro, a estratégia usada pelo governo de combate à inflação é producente, pois um país com inflação alta não tem condições de crescer. “É isso que nós não estamos permitindo. A inflação pode subir um ou dois meses em função de fatores sazonais, como a alta dos alimentos, que já estão com os preços caindo. No segundo trimestre, será muito menor do que no primeiro”, disse.

Mantega destacou ainda a influência de fatores negativos, como a demora da recuperação da economia internacional. “Nos Estados Unidos, vimos um crescimento negativo de 1%, com queda de investimento e a demanda não crescendo. Isso nos prejudica porque os EUA importou menos produtos do mundo. Mesmo a Europa teve crescimento abaixo das projeções”.

De acordo com o ministro, em janeiro e parte de fevereiro, a volatilidade cambial causou incertezas no mercado e atrapalhou o desempenho dos países emergentes, derrubando bolsas. Porém, na avaliação do ministro, foi um momento de instabilidade localizado. “Ao longo do trimestre, isso melhorou, mas atrapalhou o desempenho dos dois primeiros meses”.

Com relação ao fluxo de capitais, Mantega disse que o cenário é positivo e que o país tem recebido forte investimento internacional direto. “O investimento ficou forte em 2013 tendo crescido mais do que a maioria dos países”, disse.

Conforme o ministro, a demanda do comércio varejista está se recuperando e há possibilidade de melhoria da concessão de crédito, já que a inadimplência vem caindo nos últimos dois anos e é uma das mais baixas registradas no país (3%). “A queda da inadimplência é um fator que cria condições para que o crédito possa voltar. As condições existem.”

Segundo Mantega, a baixa confiança do consumidor não é um fenômeno brasileiro e ocorre em outros países também. Para ele, a confiança deve aumentar assim que a economia apresentar resultados melhores. “[Queda de] Confiança não é fenômeno só de Brasil. Outros emergentes também registraram queda de confiança no ano passado, devido à política do Fed [Banco Central dos Estados Unidos] que alterava os fluxos de capitais. Pode haver demora, mas a tendência é a de que melhore.”

O ministro evitou fazer previsões para o restante do ano e ressaltou que qualquer nova previsão será feita ao longo dos períodos com base nos próximos resultados.

O ministro comentou a revisão do PIB do ano passado, que havia ficado em 2,3% e passou para 2,5%. Entre as principais razões para a mudança, está a avaliação do melhor desempenho da indústria, que passou de 1,3% para 1,7; e particularmente a indústria de transformação, que passou de 1,9% para 2,7%. Houve também redução da formação bruta de capital de investimento de 6,3% para 5,2%.

Seca afetou agricultura

Apesar de o setor agropecuário ter apresentado bom desempenho na composição do PIB no primeiro trimestre, Guido Mantega avaliou que a seca afetou a agricultura no período. “A agricultura teve um bom desempenho, mas poderia ter sido melhor, se não fosse a seca que prejudicou algumas culturas, principalmente a de milho”, observou.

De acordo com os dados divulgados hoje pelo IBGE, a economia cresceu 0,2% nos primeiros três meses do ano em relação ao trimestre anterior, totalizando R$ 1,2 trilhão. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o PIB teve alta de 1,9%. Em 12 meses, a economia acumula crescimento de 2,5%.

Na comparação com o último trimestre do ano passado, houve crescimento na agropecuária (3,6%) e serviços (0,4%). A indústria apresentou queda de 0,8%. Em relação à demanda, só houve crescimento no consumo do governo (0,7%), com registro de queda no consumo das famílias (0,1%) e nos investimentos (2,1%).

As exportações caíram 3,3% e as importações subiram 1,4%.

 

 

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