Dados do IBGE

Mantega comemora investimento e ‘crescimento de qualidade’ do PIB

Ministro da Fazenda considera positiva a retomada do investimento que sustentou o crescimento econômico no primeiro trimestre, mas admite rever para baixo estimativa para o crescimento este ano

Wilson Dias/ABr

Segundo Mantega, governo deve reduzir previsão de crescimento do PIB para o ano

São Paulo – Em pronunciamento na manhã de hoje (29), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou a aceleração do Produto Interno Bruto (PIB) em relação ao ano passado demonstrada nos dados divulgados pelo IBGE sobre o primeiro trimestre. A avaliação vai de encontro à visão predominante no mercado, que esperava um crescimento maior do que os 0,6% registrados no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2012. O destaque para Mantega foi o crescimento de 3% nos investimentos após quatro quedas seguidas em 2012, o que aponta para um “crescimento de maior qualidade” na economia brasileira.

O PIB brasileiro cresceu 1,9% no primeiro trimestre em comparação a igual período de 2012. Sobre o último trimestre do ano passado, a alta foi de 0,6%, abaixo do esperado. Em 12 meses, houve expansão de 1,2%, segundo os resultados apurados pelo IBGE. A preços de mercado, o PIB somou R$ 1,11 trilhão.

“No primeiro trimestre do ano passado, tivemos um crescimento menor, de 0,1% em relação ao trimestre anterior. Esse ano começamos com 0,6%, o que aponta que economia está em ritmo de crescimento de 2,2%”, afirmou o ministro, durante entrevista coletiva em Brasília. “Temos melhora sobretudo dos investimentos. O forte crescimento deles puxou a economia, deixando para trás o consumo, que cresceu menos. E um crescimento de qualidade na economia brasileira demonstra que os estímulos que temos dado para os investimentos desde 2011 estão surtindo efeito.”

O ministro admitiu que deve revisar para baixo a previsão de crescimento do PIB para o ano, hoje em 3,5%. No entanto, seguiu reforçando o lado positivo dos dados. “Não posso olhar só para o primeiro trimestre, tenho que olhar a sucessão. Os dados que temos até agora do segundo trimestre são muito bons, principalmente os de abril. Os indicadores são quase todos positivos, como o transporte de carga nas estradas e produção de papelão ondulado mostram que a atividade em abril acelerou”, disse o ministro, destacando ainda dados do mercado de ações, com grandes captações feitas pela Petrobras e a BB Seguros. “O ambiente econômico está melhorando no país. O principal objetivo e a tarefa mais difícil quando a economia sofre com crise externa é recuperar os investimentos e isso está sendo alcançado”, completou.

O ministro ressaltou que o “grande programa de concessões” feito pelo governo para dinamizar os investimentos ainda não entrou na conta do PIB do período. “Entraram apenas alguns aeroportos, mas ainda faltam muitos setores. Isso vai dinamizar muito o crescimento do país nos próximos anos”, afirmou.

Por isso, o governo não prevê novas medidas para estimular os investimentos ou o consumo das famílias, disse Mantega. “As medidas para o investimento estão todas em cima da mesa, e as empresas estão reagindo. O consumo tem que se recuperar a partir do dinamismo dos investimentos, que vai impulsionar a economia. Queremos que o investimento, não o consumo, seja o carro-chefe da economia”, explicou.

Mantega destacou ainda que o resultado se deu em um cenário adverso da economia internacional, o que prejudicou as exportações, que caíram 5,7% no período. A balança comercial foi prejudicada por um aumento nas importações, que cresceram 7,4%. Este dado, no entanto, foi pressionado pelo aumento na compra de bens de capital, o que reforça a impressão de força no aumento dos investimentos.

Na comparação internacional, segundo o ministro, o Brasil foi um dos poucos países que aumentou o nível de crescimento em relação ao fim de 2012. “A maioria teve desaceleração, mesmo alguns emergentes, como China, Chile e México. Tivemos crescimento muito maior que a zona do Euro e próximo dos EUA, que cresceram 0,5%. Estamos bem na comparação, mas não há ainda recuperação da economia internacional que ajudaria as exportações”, afirmou.