Juros dos bancos recuam 0,01 e Setúbal prevê queda no spread

Pesquisa da Fundação Procon-SP aponta, pelo nono mês seguido, redução discreta na média de taxas cobradas. Presidente Lula pediu empenho a Mantega por redução das margens bancárias

Custo do crédito continua elevado. Juro em empréstimo caiu menos de um ponto percentual no acumulado do ano (Foto: Afonso Lima/Sxc.hu)

Os juros médios cobrados pelos bancos de pessoas físicas e de empresas tiveram o nono mês de queda seguido, segundo estudo da Fundação Procon-SP, divulgado nesta terça-feira (15). Em setembro, as taxas para empréstimos pessoais recuaram 0,01 ponto percentual para 5,26% ao mês. No cheque especial, a média permaneceu estável, em 8,79% ao mês.

Das dez intituições pesquisadas, apenas duas diminuíram taxas, Banco do Brasil e Nossa Caixa. Foram cortes de 0,1 e 0,02 respectivamente. Também foram consultados Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú, Real, Safra, Santander e Unibanco.

No acumulado do ano, o crédito para pessoas físicas teve redução média de 0,99 pontos percentuais, enquanto o cheque especial recuou 0,5 pontos. No período, a taxa base da economia, a Selic, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, diminuiu cinco pontos percentuais.

O levantamento do Procon-SP considerou as maiores taxas pré-fixadas cobradas pelos bancos para empréstimos de 12 meses e 30 dias no cheque especial. “Para o consumidor, a dica é ter cautela”, alerta o comunicado da entidade, porque o spread – diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos no mercado e o que cobram do consumidor – praticados segue alto.

Setúbal promete

O presidente do Itau Unibanco Olavo Setúbal, previu uma queda agressiva das taxas de juro de longo prazo cobradas pelo banco. Em agosto, ele se envolveu em polêmica com o ministro da Fazenda Guido Mantega e com a direção do Banco do Brasil sobre a redução do spread por parte dos bancos públicos.

A mudança de postura decorre da projeção de menos inadimplência no crédito, já que considera que o nível de dívidas não pagas com bancos atingiu um “pico” e deve cair. Setúbal atribui a esse fator a maior parte da margem cobrada pelos bancos. “Não é uma questão de falar em tese, mas de fatos. É só olhar os indicadores do Banco Central, que apontam que a inadimplência subiu bastante”, defendeu-se.

Instituições como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal fizeram menos provisões em operações de crédito. Diante da postura, Setúbal declarou que a prática não era sustentável. Os bancos públicos tiveram crescimento na carteira de crédito. No caso do Banco do Brasil, a instituição retomou a liderança em ativos no país, perdida para o Itau em 2008.

A inadimplência apurada pelo Banco Central estava em 5,9% dos créditos em julho, maior da série iniciada em 2000. Estudo do Fórum Econômico Mundial realizado com dados do último trimestre de 2008, apontava que o Brasil tinha a 16ª maior inadimplência de uma lista de 34 nações, mas praticava o segundo maior spread bancário.

Lula cobra

Em reunião extraordinária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), nesta terça, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu empenho de Mantega na redução das margens praticadas pelos bancos. “Nunca tivemos uma taxa de juros tão baixa assim e é verdade que, hoje, menos preocupa a Selic do que a taxa de spread que está sendo cobrada e que certamente o Guido (Mantega) vai encabeçar a redução dessa taxa que precisa reduzir”, disse.