Consumo

Vendas de móveis, eletrodomésticos e supermercados derrubam comércio

Diminuição da renda e do crédito e aumento de preços fizeram o varejo registrar, no ano passado, seu pior resultado desde 2001

São Paulo – As vendas no comércio varejista caíram 4,3% em 2015, no pior resultado da série histórica, iniciada em 2001, segundo o IBGE, que divulgou os resultados na manhã de hoje (16). O instituto apurou taxas negativas em sete das oito atividades do varejo, com destaque para móveis e eletrodomésticos (-14%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,5%), tecidos, vestuário e calçados (-8,7%) e combustíveis e lubrificantes (-6,2%). O único setor com crescimento foi o de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (3%). Em receita nominal, o varejo cresceu 3,2% no ano.

A retração em móveis e eletrodomésticos também foi a maior da série. O IBGE lembra que se trata de um segmento cujas vendas dependem em boa parte da disponibilidade de crédito e de aumento da renda. Assim, o resultado de -14% se deve, principalmente, “pela elevação da taxa de juros nas operações de crédito às pessoas físicas e pela queda da renda real , entre dezembro de 2014 e dezembro de 2015″. Além disso, a queda nas vendas “reflete também a retirada dos incentivos via redução de impostos, em especial na linha branca, fato que vinha ocorrendo nos últimos anos”.

As vendas em hipermercados/supermercados registraram o maior recuo desde 2003. “A redução da renda real ao longo de 2015 e o aumento de preços dos alimentos em domicílio, no mesmo período, foram os principais responsáveis pelo desempenho negativo do setor”, diz o IBGE.

O segmento de tecidos, vestuário e calçados também teve a pior queda na série histórica. “Mesmo com os preços de vestuário se posicionando abaixo do índice geral de inflação, a atividade apresenta desempenho acumulado inferior à média geral do comércio varejista, refletindo o quadro de perda de poder de compra das famílias”, informa o instituto.

No caso de combustíveis e lubrificantes, o resultado teve influência da alta dos preços de combustíveis acima da inflação. Além disso, o setor teve impacto “devido à redução do ritmo de atividade econômica”.

Outros setores com resultado negativo em 2015 foram livros, jornais, revistas e papelaria (-10,9%), equipamentos e material de escritório, informática e comunicação (-1,7%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,3%). No primeiro caso, além da redução da renda, o IBGE observa que a “trajetória declinante” da atividade de jornais e revistas, principalmente, sofre influência da substituição, em alguma medida, “dos produtos impressos pelos de meio eletrônico”.

Apenas em dezembro, as vendas no varejo recuaram 2,7% ante o mês anterior, enquanto a receita nominal caiu 1,9%. Em relação a dezembro de 2014, a retração no volume foi de 7,1%, enquanto a receita aumentou 2,8%.